segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Da Haia ao Wilson ao Hitler, 1912

  

Houve sim crash e depressão em 1921 como em 1914 quando a lei repressionista de Harrison, o IR e a Grande Guerra deram na vista, e também como em 1907 quando a mania repressionista virou febre. 

O presidente Woodrow Wilson, que quase não bebia, vetou a Lei Seca de Volstead, que instituía multas, prisões, confisco de bens, perda de alvarás e tiroteio pra machucar na Guerra contra a Cerveja e destilados. O Congresso, na época uma corja de carolas fanáticos amigos do alheio e reformadores, derrubou o veto. O Senado pouco ligava para o Tratado de Versalhes e a Carta da Liga das Nações que Wilson tanto amava. Esses dois documentos visavam transferir violentos poderes repressionistas  — ambos os quais delegavam a cobrança da proibição de substâncias à Liga, ambos nos respectivos artigos 23. O senador Lodge escreveu com sagacidade: (link)

 4. Os Estados Unidos reservam-se exclusivamente no direito de decidir quais questões caem dentro da sua jurisdição interna e declaram que todas as questões internas e políticas relacionadas, no todo ou em parte aos seus assuntos internos, inclusive imigração, questões trabalhistas, navegação de cabotagem, sobretaxas alfandegárias, comércio, combate ao tráfico de mulheres e crianças, ópio e outras drogas nocivas, e todas os demais assuntos internos, são da competência exclusiva dos Estados Unidos e não, como versa este tratado, sujeitas a arbitragem ou à apreciação do Conselho ou da Assembleia da Liga das Nações, que dirá de qualquer órgão desta, muito menos à decisão ou recomendação de qualquer outra potência. DeepL.com facilitou essa tradução...

As objeções do Lodge mencionam o Artigo 22, obrigando as raças nativas a voltarem ao domínio colonial — desde que não fosse alemão — “e a proibição de abusos”. Os republicanos repetiram a doutrina de Monroe, relembrando os eleitores de que Wilson havia prometido mantê-los fora da guerra, antes de os apunhalar pelas costas. Desta mesma forma e na mesma época o Hitler alegava que os “criminosos de novembro” na Alemanha haviam traído o Reich. Só recentemente veio à tona que os Hellfire Boys dos EUA, apesar de assinarem convenções contra armas químicas, despejaram dezenas de milhares de projéteis de gás venenoso contra os alemães, talvez até o gás venenoso que levou o cabo Hitler ao hospital.(link)

As reservas de Lodge NÃO mencionam o Artigo 295 do Tratado de Versalhes, pelo qual a ratificação do pacto de Versalhes significava aceitação pelos primeiros ratificadores da Convenção de Haia sobre o Ópio de janeiro de 1912 — embora posteriormente alterada. Os holandeses produtores de coca em Java e Sumatra, já acuados, perceberam no Artigo 295 uma chance de enredar o Tio Sam a pelo menos pagar a Liga para exportar o proibicionismo sino-americano ao mundo inteiro. Afinal, a tinta mal secara na relativamente sensata Convenção de Haia contra o Ópio quando os chineses e americanos teimaram em alterá-la. Fizeram questão de incluir no pacote a morfina, a erva maconha -- e a cocaína que nem dependência provoca. Tudo isso entrou nos eixos DEPOIS de a Alemanha e a Holanda assinarem, sem desconfiar de nada, a versão original que só versava sobre o ópioEnquanto isso, o arquiduque Ferdinando estava em turnê pela Austrália, o país com o maior consumo per capita de cocaína do mundo. Nem de longe conseguiram as ratificações necessárias para tornar vinculativa essa convenção. Aquelas alterações americanas inseridas ao longo de 1912 tinham, até julho de 1914, alienado muitos signatários do original, afastando outros sem compromisso algum. O texto sofreu novas alterações afrouxando os requisitos para torná-lo vinculativo em tantos quanto pudessem ser induzidos a ratificar a versão americanizada. 

Essa manobra alienou o Peru, a Bolívia, o Japão, a Alemanha, a Argentina, a Colômbia, o Paraguai, o Chile, o México, a Rússia, a Suíça, El Salvador, Brasil, Império Austro-Húngaro e vários outros países, que não queriam nada a ver com a “convenção”. Finalmente, em 18 de junho de 1914, pouco antes do navio do arquiduque atracar em Trieste, no Adriático, a Itália tornou-se a 11ª potência a ratificar a convenção. Dez dias depois, o arquiduque e sua esposa foram mortos a tiros em Sarajevo, após mais de dois anos de depressão econômica e guerra nos Estados Bálcãs produtores de ópio, causados pela proibição absoluta da importação de ópio pela China revolucionária que gerou superávit.(link  

A ratificação seguinte veio do assustado governo holandês, um dia após o assassinato do casal do arquiduque Fernando. A guerra eclodiu no dia em que o presidente Wilson anunciou que as declarações de imposto de renda das sociedades anônimas seriam abertas à inspeção pública. Mais algumas ratificações foram votadas durante a pressão da guerra global contra as drogas que se seguiu. Finalmente, o Tratado de Versalhes “da Paz” obrigou seus signatários a ratificarem automaticamente a convenção de Haia alterada e emendada, pouco antes de a legação holandesa aproveitar a oportunidade para arrastar os EUA para a confusão em que Teddy Roosevelt os havia colocado. Não é de bom tom mencionar que a Indonésia holandesa dominava o mercado global da cocaína, ou que os países Bálcãs, sobretudo a Sérvia, forneciam ópio à Europa inteira. Os professores de história subsidiados ficam surpresos, até chocados com esses fatos. Eu mesmo fiquei chocado ao descobrir que online  não há imagens legíveis dos acordos sobre o ópio assinados em janeiro de 1912 para visualizar. As que achei são do tamanho de selos postais, absolutamente ilegíveis. Afinal, encontrei num livro americano de propaganda antidrogas esta admissão--com especulações gratuitas sobre os motivos dos abstemiosos

No entanto, as reuniões antidrogas pouco realizaram. Os participantes da conferência de 1911-1912, devido às rivalidades internacionais acerca das receitas geradas pelas drogas, não conseguiram concluir um tratado que regulasse entorpecentes a não ser o ópio. (Donald J Mabry, The Latin American Narcotics Trade and U.S. National Security, 1989 p. 18, link)

A proibição do álcool nos Estados Unidos criou um mercado aquecido para lança-perfume, maconha, estimulantes e narcóticos, muitos desses facilmente transportados para os navios flutuantes de abastecimento da Rum Row pelos submarinos que sobraram da guerra. A enorme participação da Alemanha nesse mercado foi, como os leitores viram, uma das principais causas da Primeira Guerra Mundial.  Além disso foi também uma fonte útil de renda que permitiu à Alemanha pagar a chantagem que o assessor de Wilson, Joseph Tumulty, chamou de “a redução da Alemanha a um estado escravo”.(link)  O próximo passo foi infiltrar o Comitê Consultivo da Liga sobre o Tráfico de Ópio e tudo o mais que os americanos viam como capeta de asas, enchendo-o de comerciantes de drogas indo-europeus e representantes farmacêuticos. Isso, nos anos vindouros, resultaria na transferência de cerca de 10% da participação da Alemanha desse mercado para países concorrentes, exportadores de drogas beneficiadas, antes de desencadear a Segunda Guerra Mundial.

Quem conseguir encontrar provas de que a Convenção de Haia, assinada em janeiro de 1912, sugeria que as pessoas fossem fuziladas por drogas que não o ópio, pode comentar e indicar onde nós aqui acharíamos essas provas

Artigos relevantes:  https://libertariantranslator.wordpress.com/2024/03/21/libertarian-clout-v-dea/

https://expatriotas.blogspot.com/p/a-lei-seca-e-o-crash.html

Recurso interessante: O Google ouviu minhas preces e colocou online um recurso de Ngramas que conta a frequência de uso de palavras ou expressões em determinado intervalo, gerando até gráfico.(link) Há eventos cujas causas--ou até datas--são difíceis de se encontrar. O palavrório no vernáculo varia com a importância que os jornais e outros meios dão a elas ao longo do tempo. Juntamente com cotações nas bolsas, esses gráficos ajudam a achar conexões causais. Veja o exemplo dos cigarros, ópio e cocaína na mídia americana entre 1900 e 1933: 



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quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Hitler nos jornais americanos, 1931

 

Menos de uma semana após a Alemanha assinar a Convenção sobre Limitação de Drogas, o colapso financeiro corria solto e Hitler apareceu na primeira página de um jornal diário de Nova York.(link). 

Tampouco se trata de caso isolado. O Führer alemão, opositor do Tratado de Versalhes, apareceu na página 2 de um jornal diário de Connecticut naquele mesmo dia.(link) NÃO apareceram os verdadeiros culpados: o presidente Herbert Hoover, o comissário de narcóticos Harry Anslinger, o deputado Hamilton Fish Jr. e o Comitê Consultivo sobre Ópio da Liga das Nações. Compartilharam dessa culpa os cidadãos comuns, otários que acreditaram que o cânhamo e as folhas de coca podem causar dependência e que proibir a produção e o comércio traz estabilidade econômica. Afinal - mesmo admitindo que os opiáceos da papoula de fato causam dependência - imaginar que apontar armas carregadas aos que dependem dessa planta seja coisa razoável, condizente com a prosperidade e segura é devaneio de inocentes úteis e não de entes pensantes. /Estou usando o DeepL.com/

Nenhuma dessas pessoas provocou o colapso alemão de julho de 1931.

A causa do sucesso repentino de Hitler foi claramente explicada em preto e branco em três documentos relevantes em 1919. No entanto, quando foi a última vez que você viu o Pacto da Liga das Nações ou o Tratado de Versalhes mencionados como causa de pânicos bancários, quedas do mercado de ações, recessões e desemprego em massa? O Pacto da Liga das Nações diz, em seu Artigo 23, que os membros da Liga: ... (c) encarregam a Liga da supervisão geral nos acordos relativos ao tráfico de mulheres e crianças, e ao tráfico de ópio e outras drogas nocivas;... (link)

O Tratado de Versalhes, que a Alemanha foi obrigada a assinar em 1919, repete a mesma coisa no seu Artigo 23: 

O terceiro documento diretamente relevante à situação da Alemanha na segunda metade de julho de 1931 é o programa do Partido Trabalhista Nacional-Socialista da Alemanha, redigida por Hitler em 1920, cerca de um mês após a Alemanha assinar o Tratado de Versalhes. Ela exigia: 

2. Exigimos a igualdade do povo alemão com as demais nações, pela revogação dos tratados de paz de Versalhes e Saint-Germain

A revogação do Tratado de Versalhes significaria renunciar à submissão anterior da Alemanha ao controle e à restrição de suas indústrias química e farmacêutica por organizações habilmente infiltradas pelo Terror Branco Metodista americano. Os alemães percebiam nitidamente que os poderes legislativo, judiciário e executivo dos Estados Unidos andavam tão hipnotizados pelo proibicionismo absoluto mediante abstinência forçada que seria mera questão de tempo até que os gringos achassem como proibir até a cerveja na Europa inteirinha. Toda a economia mundial jazia em estrago geral por causa das leis exportadas pelos Estados Unidos - leis que criminalizavam a produção e o comércio entre pares de livre e espontânea vontade!  

Em 1930, na Alemanha e nos Estados Unidos, os eleitores começaram a votar exigindo o alívio das leis de proibição de substâncias. (link)

Um senador de Maryland mostrou que a cobrança da lei seca havia matado 800 americanos em nove anos — incluindo policiais, agentes, funcionários da alfândega e do Tesouro. A taxa de óbitos dos agentes da lei crescia e acelerava desde 1929, e cada edição dos jornais acrescentava novas mortes violentas à contagem. Os americanos tanto eram vítimas da sua própria 18ª Emenda quanto os alemães vítimas do Tratado de Versalhes. Vai que os eleitores alemães, elegendo o Hitler, dariam o exemplo -mostrando aos americanos como escapar das garras não só da sua própria emenda proibicionista como também das leis antidrogas cada vez mais abrangentes. Nenhum outro partido oferecia tal saída.

Já faz vinte e sete anos que comecei a publicar explicações sobre como as leis que proíbem a produção e o comércio provocam o colapso econômico. As pessoas ficavam perplexas, confusas e chocadas pela ideia de alguém sugerir tal coisa. Agora, pesquisando “leis abstencionistas e colapso econômico” retorna na língua inglesa cerca de 180 milhões de resultados — quase todos irrelevantes ou enganosos. Em português os resultados no Google mais espelham as lorotas exportadas pelo DEA e SOCOM. O que sobra no Brasil são bebidas e cigarros americanos, e o que falta no Brasil é um partido libertário.(link) * * *


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quarta-feira, 29 de outubro de 2025

13 de julho de 1931--Repressionismo quebra a Alemanha

 

A bolsa de valores da Alemanha sofreu queda em MAIO de 1927 quando incidiu IR sobre lucros extralegais; tornou a capotar em NOVEMBRO de 1928 quando Herbert Hoover foi eleito e o traficante Rothstein baleado. Caiu feio em SETEMBRO de 1929 quando a Liga das Nações planejou a limitação de muitas drogas, de novo em DEZEMBRO de 1929 quando a lei alemã classificou estimulante como entorpecente, e despencou no dia 13 de JULHO de 1931 com a assinatura da Alemanha na Convenção pela Limitação dos Entorpecentes. Estou usando o DeepL.com para ajudar nessa versão

Os jornais norte-americanos não repetiram a notícia velha dos opiáceos embalados em lã oriundos de Hamburgo em abril de 1931, ignorando inclusive a Convenção sobre Limitação de Drogas, assinada no dia em que a bolsa e o sistema bancário dos alemães entraram em colapso. No entanto, os funcionários do Bank of United States de Nova Iorque naquele momento continuavam a ser julgados por fraude bancária, sem um piu sequer sobre a meia tonelada de morfina que os federais acharam a bordo do transatlântico Alesia que atracou em 9 de dezembro de 1930, dois dias antes de o banco sofrer uma corrida fatal. Nenhum governo se prontifica para assumir que os bancos estão falindo por causa das suas leis proibicionistas. Os jornais preferem deixar os leitores tirar conclusões:

Naquela segunda, 13 de julho, Lawrence Journal-World, p1. FINANÇAS ALEMÃS AMEAÇADAS POR CORRIDA AOS BANCOS — Ajuda tem que ser pra já. Sackett escreve a Washington... Hindenburg assina decreto. O Reich se compromete a garantir as deficiências decorrentes da “ilíquidez” do Darmstadter. A Christian Endeavor resolve continuar a luta pela proibição... Buck Bradley condenado por incorrer na lei seca... (link)
Mas os fatos foram sugeridos na página 2, onde James Gerard, ex-embaixador do Presidente Wilson à Alemanha, comentou: “Se a Alemanha entrar em falência e o gabinete de Brüning cair, o país ficará à mercê dos comunistas e hitleristas”.(link) Gerard presenciou os eventos quando a Convenção Antidrogas de Haia — sua missão ampliada pela Lei de Harrison — transformou a guerrilha provocada pelo acúmulo do ópio parado nos Estados Balcânicos na Primeira Guerra Mundial.(link) Adolf Hitler, um reles cabo, participou sem ter ideia do que estava ocorrendo. Da mesma forma os proibicionistas da Christian Endeavor não faziam ideia de que suas leis violentas estariam, em 1931, levando a Alemanha novamente à autocracia, à instabilidade financeira e à guerra.

Na mesma folha do jornal, constava a situação naquele julho de 1931: (link)
CAPITAL ESTRANGEIRO DEIXA A ALEMANHA — Meio bilhão de marcos retirados nas últimas semanas — Nova Iorque, 13 de julho. — Agora é a vigília do Reichsbank: o forte banco central da Alemanha, lutando o que tem sido uma batalha perdida contra forças intangíveis de enorme poder, simboliza a luta econômica que a ameaça com a ruína financeira, batalha esta que, se perdida, teria efeitos a repercutir em todo o resto do mundo.
A causa imediata da crise é a retirada de enormes volumes de fundos estrangeiros do Reich. Por baixo disso, é claro, paira a questão das reparações de guerra, com suas incertezas e considerações políticas tanto no país quanto no exterior, suas condições de pagamento, seus problemas no comércio e das finanças internacionais. 
Antes da Grande Guerra, a Alemanha era uma importante credora de outras nações. ...

Aliás, antes daquela Primeira Guerra Mundial, a Alemanha competia com a Dow Chemical nos mercados de drogas e afins, detinha patentes da aspirina e da heroína e exercia grande influência em áreas consideráveis da China, Samoa e diversas colônias africanas--grandes consumidoras de drogas. As tripulações dos navios de guerra alemães assistiram do convés quando os americanos conquistavam Manila, impondo em 03MAR1905 leis fanáticas e abstencionistas aos habitantes das ilhas Filipinas--ato que provocou uma revolta sangrenta. Outra espectadora, a China, preocupada com as sua próprias revoltas sanguinolentas, persuadiu o presidente Theodore Roosevelt, mediante boicote comercial em 1905, a assumir o fardo do império chinês e livrar o mundo do comércio livre de bebidas alcoólicas e drogas.(link

O Presidente americano  Herbert Hoover havia morado na China durante a revolta dos Punhos Harmoniosos, sabia algumas frases de chinês e em 1931 arreou os EUA para puxar do atoleiro a anarquia cadavérica que restava dos herdeiros da finada dinastia numa espécie de Guerra Santa proibicionista contra a produção e o comércio em tudo quanto fosse substância--guerra essa promovida pelo seu herói republicano e progressista, Theodore Roosevelt. Legenda: Alguns dentre as várias lideranças da China.

Os EUA obrigaram os aliados da Alemanha a se submeterem às leis abstinentes no estilo chinês já nos acordos de armistício assinados em 1919. O presidente Hoover não precisava da Liga das Nações nem do Tratado de Versalhes, a não ser como alavanca para aumentar a pressão sobre a indústria farmacêutica alemã para expandir o proibicionismo global. A China aproveitou a generosidade dos EUA para pagar as contribuições em atraso de adesão à Liga e participar de comitês. De 1921 a 1931, a China, devastada pela atual guerra civil, tinha ali seus próprios representantes apoiados pelos EUA, que instavam o Comitê Consultivo da Liga sobre o Tráfico de Ópio e Drogas Perigosas a amarrar e impedir as empresas farmacêuticas alemãs, impondo-lhes exigências mesquinhas. Os europeus--carecas de saber que as agências da repressão de bebida e droga dos EUA matavam com avidez milhares de concidadãos americanos, impondo reclusão em outras dezenas de milhares e transformando grandes empresas de álcool, açúcar e bancárias em réus para responder em processos penais envolvendo calabouço, interdições, multas salgadas e confiscos fiscais, inclusive de iates de luxo e transatlânticos--andavam de lado olhando pro chão.

Os europeus, arcando com pagamentos de juros e empréstimos obtidos do governo Wilson na Primeira Guerra Mundial, olhavam arregalados enquanto a Convenção Antiópio de Haia de 1909 gerava poderes e cobranças adicionais. “Negros cocainômanos” inventados por jornalistas como bicho-papão, levaram os políticos a aprovar a Lei de Harrison, que logo foi interpretada como inclusive proibição de estimulantes, pichados como narcóticos. As folhas de maconha seguiram as folhas de coca, marcadas a ferro quente, vítimas de emendas que aceleravam a legislação rumo à Primeira Guerra Mundial. Terminada a guerra, os Estados Unidos, frustrados com a resistência à lei seca e vudu que não conseguiam incluir na convenção da Haia, intimidaram a Grã-Bretanha a formar a uma convenção separatista dedicada  proibir todo um leque de substâncias além do ópio, sob a bandeira da Convenção de Genebra de 1925. Finalmente, a Alemanha — líder mundial na produção de morfina em suas inúmeras formas, da cocaína feita a partir da coca neerlandesa cultivada principalmente em Java e Sumatra, e desenvolvedora da mescalina sintética durante a Primeira Guerra Mundial — via-se cercada por concorrentes aliados a burocratas bedelhos da Liga. Liderando essa ofensiva galopava Harry Anslinger, comissário do novíssimo Departamento de Narcóticos dos Estados Unidos, que elaborava mais legislação violentamente vinculativa para minar ainda mais a grande indústria remanescente da Alemanha

E foi assim que, nesse mesmo dia da desastrosa capitulação da Alemanha ao proibicionismo sino-americano, o ex-embaixador Gerard menciona em voz alta o nome do político xenófobo e anti-Tratado de Versalhes cujo partido nacional-socialista crescera nas eleições de 1930 até se tornar o segundo maior de toda a Alemanha: Adolf Hitler. Os executivos das grandes empresas químicas e farmacêuticas alemãs — à beira do abismo — calcularam que esse demagogo do cristianismo pugnaz seria a sua única esperança de escapar do cerco da Liga e das imposições e cobranças das conspirações industriais e proibicionistas tocadas pelos Estados Unidos. As contribuições para as burras da campanha nazista, que antes pingavam, agora jorravam...

* * *

Leitura interessante: The Latin American Narcotics Trade and American National Security (O comércio de narcóticos na América Latina e a segurança nacional americana) é um compêndio de estridentes artigos de propaganda proibicionista produzidos durante as campanhas “Just Say No” (Diga Não), “War on Drugs” (Guerra às Drogas), “Zero Tolerance” (Tolerância Zero) e “Drug-Free America” (América Livre de Drogas) de Reagan-Bush, que prenunciavam o Crash de 1987. Catada por Donald J. Mabry durante a recessão e a crise de desemprego que se seguiram, quando a DEA invadiu vários países da América do Sul, a coleção foi outro toque de clarim bélico — desta vez para invadir e conquistar o Panamá como trama para resgatar dólares do exterior. Afinal, depois da Guerra da Lei Seca de Herbert Hoover destruir a economia dos Estados Unidos e da Alemanha, os saques repentinos de depósitos e ouro deram na elaboração da moratória bancária nacional, que incluía o confisco pelo governo de todo o ouro restante. Hoover, já sem poder, entregou esse plano ao novo presidente Franklin Roosevelt um dia antes da posse, e FDR — que havia visto a "moratória" de 1931 amassar a lataria da economia global — optou por chamá-la de feriado bancário

O proibicionismo violento do Nixon, meio século depois, tornou a meter os grilhões nos EUA. O país foi forçado a abandonar o padrão-ouro devido à diáspora de dólares de repente apresentados em troca por ouro. Quando a compilação de Mabry foi lançada para preparar o público para outra Guerra Santa da Abstinência, ela sem desconfiar incluiu o grosso das provas e evidências necessárias para mostrar que as leis desnorteadas que criminalizam a produção e o comércio inevitavelmente levam ao pânico, colapso, desestabilização econômica, hiperinflação e guerra. Após a invasão e saque do Panamá, as bibliotecas retiraram-na de suas coleções e eu acabei achando um exemplar barato. A coleção apresenta um registro detalhado da forma como os fanáticos conseguem aprovar uma lei “razoável” e, a seguir, prosseguem à sua “alteração”, a fim de contornar a proibição constitucional das leis retroativas. A mutação que resulta arrasta a economia à ruína. Essa mesma receita foi seguida com a Convenção sobre a Limitação de Narcóticos da Liga das Nações, que levou Hitler ao poder e provocou outra Guerra Mundial. Os registros da Liga das Nações também revelam como a régie francesa do ópio, no que logo mais tarde se tornou o Vietnã, foi — pela receita da Convenção de Limitação — absorvida por algo que Harry Anslinger descreveria nos seus livros como uma monstruosa conspiração comunista de narcóticos. Isso está descrito preto no branco na coletânea do Mabry e nos próprios trabalhos do Anslinger. Relatam, sim, uma estória, só que nada parecida com a que pretendiam.

Agradeço a mão na roda dada pelos alemães que programaram o - DeepL.com



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sexta-feira, 10 de outubro de 2025

1931--Alemanha beirando o abismo

 

Foram feitos enormes trabalhos de propaganda para dar a impressão de que o colapso financeiro das maiores indústrias farmacêuticas e químicas do mundo coincidiu por obra do acaso com a convenção sobre drogas da Liga das Nações de 1931, que restringiu a produção e a exportação da Alemanha (link) E sim, conto com a ajuda do DeepL para facilitar esta versão.(link)

Em 12 de julho de 1931, as autoridades alemãs perceberam que o fracasso do Damstadter und Nationalbank não poderia ser disfarçado. Felizmente, a imprensa se absteve de associar o colapso das cardagens de lã da Nordwolle às toneladas de morfina carregadas em mantas de lã a bordo do USS Milwaukee no porto vizinho de Hamburgo, assim como não mencionou ligação entre o falido Bank of United States e a carga de entorpecentes a bordo do transatlântico Alesia. Contudo, a notícia divulgando que os EUA PRESTES A ABRIR LICITAÇÕES PARA 11 NAVIOS DE GUERRA dificilmente poderia agourar bem. Quem acompanhava essas notícias tinha que perceber que a conjuntura atual surgira do empenho da China para alistar a ajuda dos EUA no sentido de impor a proibição repressiva no planeta inteiro. Afinal, a olhos vistos os policiais de Teddy Roosevelt lutavam para acabar com os antros de drogas e bares nas ilhas filipinas. Mas cadê a gratidão que os filipinos deviam ao Tio Sam por tê-los salvado do jugo cruel da Espanha, que forjou grilhões para seus cambitos, e das drogas? Após 32 anos, a violência da proibição americana apenas indignou os ilhéus. Isso as manchetes transmitiam em 1931:

AMERICANOS APEDREJADOS — Filipinos atacam soldados enquanto Manila realiza manifestação pela independência--gritavam as manchetes! Dois senadores americanos ocupados fazendo discursos a favor da independência filipina escaparam da indignidade de serem corridos a batatadas.(link) No entanto, na mesma página, a Srta. Minnie Fox elogia o remédio Natex que comprou da drogaria local.(link) Quando o boicote chinês de 1905 assustou os EUA, o presidente Teddy Roosevelt e seus partidários entraram em ação. Revistas das elites veicularam matérias sobre as gangues de ópio dos orientais e intrigas dos propagandistas de medicamentos patenteados. Para preocupar os americanos que falsificavam rótulos dos medicamentos da Bayer para colocar na própria muamba, Teddy proclamou que os EUA defenderiam vigorosamente os direitos de patente alemães e ingleses... NA CHINA!(link

Outros acertos e tratados criavam pautas alfandegárias e restringiram uma longa lista de drogas e bebidas alcoólicas nas colônias europeias espalhadas pelo continente africano. Logo aprovaram uma lei que envenenava o álcool industrial com metanol. Depois disso, a lei de Alimentos e Medicamentos de 1906, que causou pânico e recessão em 1907. A lista de exemplos de como as leis violentas de proibição só levaram ao crime, crise e corridas bancárias estava, em 1931, já bem longa. Aos olhos da Alemanha, a avidez da Liga e dos EUA pelas exigências legislativas parecia cada vez mais insaciável.(link

Nos últimos dois anos, a Alemanha, como forma de apaziguamento:
Aprovou a Lei sobre o Tráfico de Narcóticos de 10 de dezembro de 1929, dois meses após Harry Anslinger ter sido nomeado comissário adjunto da proibição--isso na esteira da quebra do Bodenkreditanstalt, de Vienna.
Decretou a adição de uma longa lista de “narcóticos” nove dias depois dessa lei.
Adicionou mais dois decretos de repressão às drogas em 1º de abril de 1930.
Adicionou nova série de medidas de repressão às drogas em 14 de abril de 1930.
Impôs um imposto sobre os fornecedores de “narcóticos” em 10 de dezembro de 1930 — três meses após promover Harry Anslinger para chefiar o recém-criado Burô de Narcóticos.(link)
Emitiu regulamentos rigorosos para farmácias, limitando as prescrições e vendas de qualquer produto que contivesse “narcóticos”, uma caracterização que os americanos pareciam estar prestes a aplicar à cerveja, ao vinho, à aguardente e até cigarros a qualquer momento! 

Naquele ano de 1930, eleitores alemães emburrados fizeram do partido socialista anti-Tratado de Versalhes de Hitler o segundo maior do país — e nem assim houve trégua na pressão dos EUA e da Liga das Nações, que agora cobravam repressão ao cânhamo! Pior é que a mesma coalizão de proibicionistas agora, em julho de 1931, ameaçava exigir regulamentação rigorosa e relatórios fiscais sobre a codeína — narcótico opiáceo criador de dependência -- feito de morfina. Mas, depois de examinar o restante da lista, os alemães duvidavam até disso. Daí, em 12 de julho, a economia desabava, e Herbert Hoover armava uma armadilha cuja isca, moratória temporária das dívidas, talvez daria para adiar a parcela de USD 15 milhões em reparações que estava por vencer no dia 15. Alguma coisa teria que ceder... 


Comunista no youtube vê Trump como oportunidade. Cabe explicar que na juventude eu era cercado por amigos comunistas, com a impressão de que esses também eram vítimas de outra entre tantas religiões do ódio. As freira na 1ª série me transmitiam a mesma coisa--uma espécie de misticismo do ódio que fortalece o socialism do Trump. Afinal, Hitler era católico mas se dava bem com luteranos. O erro nisso tudo é achar que são diferentes. Em vez de linha horizontal os libertários analisam se tal e tal crendice é a favor ou contra os direitos da pessoa individual? A favor ou contra uma economia que minimiza a agressão e coação? A "esquerda" socialista e a "direita" socialista são ambas contra os direitos individuais e contra o livre comércio. Os libertários são o oposto: defendemos os direitos individuais até de maconheiro ou mulher grávida e queremos minimizar e até abolir as leis coercitivas que proíbem esse ou aquele tipo de produção e comércio. E existem os que querem misturar violência e liberdade. Na visão libertária os outros três quadros representam ideologias violentas e saqueadoras. As pessoas caem nelas por apego ao altruísmo ou sei lá o quê. O importante é que TODOS fingem que comunismo e fascismo são diferentes. E os irresolutos--uns querem coagir mulheres e outros proibir a energia elétrica--fingem que figuram nas preferências ENTRE as duas variantes comuno-fascistas do socialismo, só que de forma "democrática" (forçados a pagar e votar em eleições subsidiadas pela lei Nixon do Fundão). 

O vídeo do garoto, que se diz professor de filosofia é esse: (link) Repare que esse congregante do comunismo não compara o fascismo dos trumpistas com algo melhor, como eu nunca deixo de fazer.(link) Ele tb nunca leu o programa dos hitleristas.(link) Segue aqui a minha resposta que apenas corrige algumas besteiras e omissões. 
Resposta libertária: O protagonista acerta ao delatar a atual cleptocracia proibicionista como fascista, que afinal nada mais significa do que socialismo cristão um pouquiiinho diferente do comunismo marxista. Mas em 1903 os EUA eram país exemplar, liberal, cujos maiores crimes foram exploração das repúblicas bananeiras do caudilhismo místico luso-espanhol que, como os gringos, escravizavam ou exterminavam os autóctones na América Latina e nas Ilhas Filipinas. Como a Santíssima torturava os andinos para beberem cachaça em vez de mascar folhas, os expedicionários do T. Roosevelt deportavam os Chineses que comerciavam o ópio junto aos ilhéus.
A China Qing viu nisso o aliado fanático antidroga que pediram a Deus. Decretaram boicote comercial em 1905 que transformou os Americanos em Nacional-Socialistas do Eugenicismo de Galton, Monteiro Lobato e Hitler. Só que quando Hitler mamava leite, o proibicionismo republicano usava a Haia para equivocar tudo quanto não fosse gim ou tabaco em "entorpecentes" a fim de reabrir acesso aos mercados da China. Resultou nova revolta na China coincidindo com guerras nos balcãs (produtores de imensa quantidade de dormideira e ópio) e o resultante colapso da exportação de opiáceos viralizou essas guerrilhas em Grande Guerra Mundial.
A Alemanha era então, como hoje é, a mais competente produtora de drogas e tirou partido--só que perdeu, graças em parte à revolução comunista na Rússia! O Tratado de Versalhes no seu artigo 23 impõe o proibicionismo da Haia, juntando ainda em 1925 armação GB-EUA para proibir cânhamo, coca e uma série sem fim de substâncias. Todo resultaria numa economia planejada estilo marxista só que organizada por cartéis cristãos de "pessoas artificiais" coletivas imposta em 13JUL1931 para "Limitação" de "narcóticos". Empresas alemãs, horrorizadas, se valeram do fanatismo do Hitler contra o tratado de Versalhes sem mencionar a cláusula regulatória nº 25 do tratado e tb da Carta da Sociedade das Nações. A coação sino-americana foi nesse golpe transmitida à Europa (e países andinos, da Indonésia Holandesa e Taiwan) mediante esta organização de concorrentes para pulverizar e redistribuir o mercado farmacêutico dominado pela Alemanha.
Em represália, cartéis como a I.G. Farben financiaram os nacionalsocialistas-cristãos e resultou a posse de Hitler como Chanceler no aniversário do Franklin Roosevelt,  que substituiu o proibicionista fanático  Herbert Hoover que mandava atirar na juventude até por causa de cerveja e liderou as maquinações de julho de 1931! Os democratas e comunistas não entendem a economia política e hoje procuram proibir a energia elétrica da forma que os gringos desde 1906 procuravam proibir droga, cerveja, cigarro e por aí vai. Tudo isso eu explico no blog Expatriotas no Blogger do Google e outros na condição de cidadão puertorriqueño da Woodstock Nation e no meu livro sobre "A Lei Seca e O Crash". Paz e amor e música elétrica. 


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 Quer saber a causa do Crash de 1929 e da Depressão da década de 1930? Leia.

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Para melhorar o seu inglês, nada como a minha polêmica tradução de O Presidente Negro (O Choque das Raças) de Monteiro Lobato: America's Black President 2228. Na Amazon (link)

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