quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Redada em NY, MAMONAS e Mariachi Ei Ay

 

Eis o substituto mexicano dos Mamonas Assassinas. 

Já, na realidade, a coisa nem foge tanto desse figurino. O noticiário mexicano informa. (link

E interessante que os repórteres falam de caçada aos imigrantes. Se fosse assim os coletes dos meganhas diriam ICE, DHS, BP e tal. Só que na reportagem pinta apenas ATF, polícia repressionista que cobra imposto de bebida, cigarro e arma de fogo e mata congregantes em Waco. Aparece DEA, os meganhas que batem nos hippies e moreninhos por causa de outras plantas, e HSI. Agora sim. Essa tropa é uma sub-burocracia agregada ao Departamento de Segurança do Solo Pátrio, como se antes faltava burocracia. E finalmente, temos os mariachis Ei Ay. 

É rir pra num chorar. 

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terça-feira, 28 de janeiro de 2025

O AVIÃO TÁ FEIO

 

A versão Trump do regime Nixon-Ford-Ceausescu-Reagan-Bush² agora usa aviões militares para fretar deportados. Assim já conhecem o caminho para novas Grenadas, Panamás, e Repúblicas Dominicanas.

Eu já estourei prazo de visto. Estava no Pantanal a meio kilômetro da aldeia dos Xavantes, sem rádio e sem notícia das terras civilizadas. Feliz por não estar no Vietnã, nem me dava conta de que era estrangeiro, pois só morara nos EUA fazia um ano. Fui multado, tive que renovar visto brasileiro e levei bronca por ser tão desligado das preocupações govenamentais. Voltei pros USA, mas quando o Nixon foi eleito, fui embora pro Canadá. Lá é frio. De lá voltei pro Brasil. Quando Nixon saiu voltei e estudei lá fora. Trabalhei na facudade, pela Embaixada do Brasil e nos foros e tribunais como tradutor e intérprete freelancer. Até hoje pego esse tipo de trabalho. 

Acontece que quem cai na mão da migra tem duas opções verdadeiras. O réu pode se ralar pra pagar advogado, ser mandado embora assim mesmo e acabar fichado como deportado. OU, na segunda hipótese, conseguir passagem de volta pro Brasil. Essa opção é mais em conta, tem resultado previsível e quem faz não é fichado como deportado com 10 anos de impedimento dos EUA. Dá pra se formar no Brasil, pedir visto e zarpar de novo.

Quem tem ente querido na mão deles deve considerar um fato. Todo juiz começou como estudante de direito, depois advogado--tudo isso antes de ganhar toga. Há tendência nesses tipos de fraternidade de puxar à brasa a sardinha dos companheiros da corporação. E o réu que pede retirada voluntária, compra passagem e embarca, faz pouco no sentido de pagar a raspagem das cracas do casco do iate de advogado da migra. Talve porisso mesmo acenam mais com listas de advogados e ONGs do que com instruções sobre a saída voluntária. Leia aqui as instruções, pois são eles e não eu, que dão as orientações jurídicas em inglês.(link) O programa alemão DeepL ajuda a traduzir esse juridiquês. 

Quem não tem como comprar passagem pode aceitar a carona do governo e se dedicar aos estudos na terrinha. Afinal, para quem tem diploma de engenharia, física, química, matemática ou qualquer campo relevante à produção industrial ou defesa, há vistos de trabalho e bolsas de estudo lá fora. E universidade paga pelos contribuintes é uma grande vantagem para quem se matricula. Quando eu estudava engenharia a matrícula custava na casa dos 20 USD por semana. Hoje a semana de faculdade custa mais que o semestre de 16 semanas naquela época. E o custo de vida é bem mais baixo no Brasil. 

Leitura: Ser Estrangeiro, de João Paulo Charleaux. Não li. A patroa tradutora leu e doou para alguém, dizendo que não era ruim nem lá grande coisa. 

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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Criminalização e CRISES ECONÔMICAS

 

PROIBIR O CONSUMO EMPOBRECE E MATA

Já se fala na conexão causal entre a criminalização e o aumento do crime, mas não no nexo causal entre a repressão proibicionista e a inflação, colapso das bolsas, recessões e desemprego. Aliás, só se susurrava à boca miúda dessas coisas em 1991, quando a inflação no Brasil estava a 11% por mês e o livro do Mark Thornton, CRIMINALIZAÇÃO: Análise econômica da proibição das drogas foi publicado em inglês.(link) Mal dá para acreditar que existe versão brasileira deste livro que tanto berra sobre tudo quanto é efeito dessa coação menos as diversas crises e duas guerras mundiais deslanchadas pelo proibicionismo coercitivo a mão armada. Mas, talvez porisso mesmo, existe.(link) Neste livro o economista declara:  

As políticas que abrem mão do liberalismo, tais como a proibição repressionista, interromperam as tendências da redução na criminalidade a longo prazo. Consta que o crime aumentou, tornando-se mais violento quando vigorava a lei dos 60 litros em Massachusetts, durante a Lei Seca federal e a partir do final da década de 1960, quando a cobrança das leis proibindo entorpecentes e maconha se tornou rigorosa. Foi provado ainda que o crime diminuia nas épocas em que não havia dessas proibições, muito embora aumentava o consumo de drogas per capita. Ademais, a teoria de que a proibição provoca crimes foi confirmada pelas observações de Johnson e seus colegas. (Tradução minha e do DeepL)

Procure onde quiser na literatura sobre economia política das correntes comunistas, do caudilhismo clero-fascista, dos americanos que enxergam tudo menos essa causalidade ou mesmo do nacionalsocialismo alemão que reagiu contra os excessos intervencionistas do governo do Herbert Hoover, que--mediante a Liga das Nações--tanto provocou e aborreceu a Alemanha e o Japão desde junho e julho de 1931. É como se existisse uma espécie de entente cordiale nas editoras, para tapar menção de nexo entre o proibicionismo violento e as crises econômicas inflacionárias, de contrações de liquidez, de colapsos mobiliários e até mesmo ressentimentos bélicos.

O aumento da inflação no Brasil já serve como exemplo relevante de como este fenômeno repetido não surgiu do nada e nem da noite pro dia. Em 1986 a inflação anual do Brasil pulou dos "meros" 27% ou 21% das décadas anteriores para 62%. Acontece que o governo reeleito do Ronald Reagan nada tinha a temer e prosseguia a cobrar vingança da juventude rebelde contra a qual digladiava quando governador da Califórnia. Reagan assinou em 1967 a lei estadual para proibir o LSD, apesar de este não ser entorpecente ou tóxico e não gerar dependência. Este produto de fabricação difícil sumiu, substituido por cocaína  que apesar de tóxica não gera dependência. O preço de tudo o que é proibido aumenta em 300% a 400% e dólares entravam na América Latina, de onde originava este produto primitivo. Enquanto isso, alguns países absorvidos pelo comunismo jorravam LSD justamente para minar a ditadura soviética. Essa cura interferia com os mercados de entorpecentes e os boêmios psicodélicos Tchecos não morriam de amores pelo comunismo. Pelo contrário, procuravam derrubá-lo. Em 1979 os soviéticos invadiram o Afeganistão, a inflação nos EUA girava em torno do 13% a.a. e políticos perceberam que cocaína importada substituíra o LSD made in USA. Perceberam e se juntaram com policiais para formar quadrilhas e aproveitar desses 400% de lucro sem cobrança de impostos. Consta que muitos desses funcionários foram pegos. 

Funcionários dos EUA condenados, 1970-1988. A fonte é o Departamento da Justiça em relatório ao congresso das atividades e operações da Seção de integridade pública, de 1988, pág 29

Outra coisa que deu na vista a respeito dessa época (tirando o Crash de 1987) foi o aumento nos envenenamentos por entorpecentes nada psicodélicos ao passo que a coação armada fazia sumir as populares alternativas não-tóxicas e que não escravizam as pessoas. 

Dados do Deptº de Saúde de New York City, 1988, omitindo 1923 a 1949.

Eis que a imposição coercivita, além da multiplicação do preço de venda, gera também ressentimento por parte de quem é dono do nariz e se vê coagido por fanáticos estrangeiros. Como na Ásia e Europa das décadas de 1920 e 1930, nasceu vultoso mercado paralelo e burro seria o apregoador comunista que não aproveitasse desta situação de dinheiro fácil e ressentimento prefabricado contra Nixon, Ford e Reagan. Já, os americanos--dominados pelo mesmo partido que fez para a cerveja pena de 5 anos de prisão--contra-atacaram, infiltrando toda a América do Sul.  A ONU em fevereiro de 1980 instruiu a todos os governos do planeta que lançassem confiscos de todo e qualquer ativo financeiro relacionado ao "tráfico." É disso que resultaram os Crashes de 1980, 1982, 1987 e a que deu na hiperinflação do Brasil no tempo do Sarney, que examinaremos no próximo capítulo. 

Leitura de lavagem cerebral: Red Cocaine, Cocaína Vermelha, supostamente por Joseph D. Douglass Jr. (link) Eu coleciono livros de propaganda nacionalsocialista, comunista, antinuclear, do KKK, e de várias outras crendices. No caso em tela, lembra o aviso do HL Mencken: É difícil acreditar que um homem esteja dizendo a verdade, quando você sabe muito bem que mentiria se estivesse no lugar dele. O autor foi pago para fazer propaganda de ódio que instiga atos violentos. Mesmo se entendesse que tudo o que acredita é mentira e tudo o que faz aumenta o perigo mortal e provoca crises financeiras e até guerras, não teria como voltar atrás e confessar que estava errado ou mentiu. Entre 1840 e 1975, nenhum partido político americano admitiu erro, e desde então se ocorreu, não vi. O livro é do mesmo nível que O Livro Sagrado de Adolf Hitler de James Larratt Battersby, mencionado por George Orwell. (link) Duvida? Pois veja: (link) Nunca imaginei que tamanha besteira teria seguidores no Brasil. Mas Mencken também tinha dizeres para tais coisas: "O tipo de homem que quer que o governo adote e faça cobrar obediência às suas ideias é do tipo cujas ideias são bestas." "Quando se ouve um homem falar do seu amor por seu país, podem saber que ele espera ser pago por isso."

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domingo, 29 de dezembro de 2024

Probabilidade e o seu voto

 

 Compre um desenho tipo nankim do Prof Beckmann numa caneca, camiseta ou o que seja...(link) Use o DeepL.com para traduzir o site, que está em tcheco. 

Petr Beckmann colocou um problema de probabilidade mais ou menos assim...
Um de três candidatos concorre às eleições numa comunidade em que 60% das pessoas têm um Quociente de Inteligência baixo, 30% têm um QI médio e 10% têm um QI elevado. As pesquisas mostram que 53% do grupo de QI baixo o rejeita, mas que 52% do grupo de QI médio votará nele. Qual é a porcentagem do grupo de QI elevado que teria que votar nesse não-libertário para que ele possa ser declarado o vencedor?
Palpite: cerca de três vezes a porcentagem média de votos que colocou na Constituição dos EUA a Lei Seca e o Imposto de Renda. Se metade dos eleitores inteligentes votarem pela liberdade e não para ajudar ou derrotar um filhote da cleptocracia, esse saqueador perde. Para se tornar viável, o seu partido teria que apagar do programa alguma cláusula coercitiva que ofende os eleitores inteligentes.

Na versão original havia dois candidatos, e assim a solução é direta. Os cabos eleitorais e os burocratas do censo classificam as pessoas pela renda, não pela capacidade de solucionar problemas ou de organizar partidos. Cleptocratas calculam probabilidades afins e investem nestes resultados. As eleições passadas envolveram muitos desses cálculos em nome de candidatos implacavelmente dedicados à força letal, cujos apoiadores apostaram polpudos valores nesses resultados. Mas se a fatia de votos de um terceiro partido atinge proporções nada triviais, a resolução das probabilidades eleitorais torna-se difícil. Eis como um velho político republicano--deputado, secretário da fazenda e senador durante meio século--retratou como o problema dos três partidos ameaçava a cleptocracia na campanha dum comparsa.

O único perigo que encontrou foi no movimento acirrado do partido da proibição de bebida. Este partido elencou candidatos à parte, cujos votos, temia-se, viriam sobretudo do partido republicano. (link)

Prometendo vantagens, Sherman recitou um rosário de quixotadas nas quais os republicanos teriam aprovado toda sorte de violentas e repressivas leis abstemiosas, que passou a enumerar numa tentativa desesperada de levar os ouvintes a votar contra o que queriam, para que o seu partido pudesse manter intacto o seu progama comprado. Os correligionários da Lei Seca reagiram com sorriso de gato, sabendo muito bem que foram OS SEUS votos de sangria anteriores que levaram os republicanos a atacar os direitos dos concidadãos, justamente para escapar dessa sangria de votos. O erro fatal do Sherman, a seguir, é piamente papagaiado pelos proibicionistas até hoje:

Há apenas dois grandes partidos neste país, dos quais um será instalado no poder. O eleitor tem pleno  direito de votar no partido menor, da Lei Seca, e assim desperdiçar o seu voto, sabendo muito bem que será eleita uma legislatura republicana ou democrata, e que não será eleito um único candidato partidário da Lei Seca. Não seria melhor escolher entre estes dois partidos e dar a sua ajuda àquele que mais tem contribuído para o sucesso dos seus princípios? 

O republicano fingido perdeu para o democrata. Os proibicionistas, confiantes de que não teriam concorrentes defensores dos direitos, votaram naquilo que exigiam - e CONSEGUIRAM! Injetaram a sua emenda muçulmana e geradora de crises e colapsos na constituição--isso uma guerra depois de os comunistas injetarem ali a proposta nº2 do programa de Marx--tudo graças ás aplicações pioneiras dos legiferantes votos de sangria dos partidos minoritários.(link) Ambos os partidos saqueadores hoje apregoam o sermão de “desperdiçar o seu voto” às vítimas que procuram roubar, escravizar e assassinar. Fazem-no para preservar as roubadas e assaltos nas suas propostas e se valer da cobrança das leis violentas. É pra isso que apostam na covardia e estupidez do eleitor. O Partido Liberal, na sua plataforma de 1931, cobrou revogação da Emenda da Proibição e a legalização da cerveja. Os democratas adotaram este plano, foram eleitos e legalizaram a cerveja e o álcool. O Partido Libertário desde 1972 vem cobrando direitos da mulher, e revogação do IR das pessoas físicas. A equação logística de Fischer-Pry indica que cedo ou tarde terão esses sucessos.(link

Boa leitura: Elements of Applied Probability Theory, de Petr Beckmann, 1967.(link) Foi publicado três anos depois de Ian Fleming ter usado a mulher pelada em Goldfinger para atrair adolescentes malandros à aplicações remuneradas da teoria da probabilidade no Complete Guide to Gambling de John Scarne. O livro de Scarne quintuplicou a minha mesada no internato. Ao chegar à editora The Golem Press, estava mais do que ansioso para comprar o livro do Beckmann. Estou agora na minha quarta cópia desse livro delicioso, ainda longe de assimilar todas as suas delícias. Por exemplo, se a probabilidade de algo é zero, isso torna a coisa impossível? Não. De forma nenhuma.

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domingo, 22 de dezembro de 2024

Recessões dos anos 80

 

O traço azul é desemprego, as barras cinzas são recessões. 

A 19 de fevereiro de 1980, a Comissão dos "Entorpecentes" decidiu pedir a todos os governos que aplicassem, na medida do possível, combate violento às drogas declaradas ilícitas, recomendando medidas de repressão: 3 (XXVIII) ...sobre ativos financeiros e transações relacionadas ao comércio ilícito... com equipamento subsidiado e assistência técnica a países proibicionistas.(link) Os jornalistas amarelos do programa 60 Minutes - que provocaram o pânico nacional depois de uma avaria no reator TMI não ter ferido ninguém - rapidamente espalharam a histeria contra extratos vegetais bolivianos que não criam hábito nem dependência.(link) A recessão de 1980--como a Grande Depressão causada em parte pelo proibicionismo da Liga das Nações--é assim claramente discernível no primeiro trimestre de 1980. A inflação subiu para 13%, depois 15%, e a Reserva Federal de São Francisco gerou uma teoria pouco convincente que lembrava a “explicação” de Herbert Hoover para a crise alemã de 1931.(link) (link) Na quarta-feira, 10 de outubro de 1979, um crash do mercado - o pior desde a reunião da Comissão de "Entorpecentes" de 1973 - arrastou redes de compra e venda de droga e confiscos de dinheiro.(link) Estes conduziram a quedas do mercado e à recessão em 1974-5.(link) À medida que bagulho e pó substituíram o álcool, as mortes no trânsito diminuíram. Mas ao passo que os opiáceos viciantes--como os que a proibição do álcool popularizou nos EUA na década de 1920--substituíam o LSD inacessível, os gráficos do CDC mostram que as mortes por envenenamento por drogas aumentaram constantemente. (DeepL.com facilitou essa versão)

nº de mortes v ano. Com o Bush filho as mortes por opiáceos aumentaram em 300%, pois não havia mais substância inofensiva. 

O governador Reagan da California proibiu o LSD e acirrou a repressão de plantas, nenhuma das quais é viciante ou causou uma morte sequer. Os opiáceos escravizantes, as anfetaminas e os estimulantes vegetais sul-americanos substituíram as drogas modernas relativamente inofensivas. As populações incarceradas acumularam-se rapidamente, cumprindo em média 5-6 anos, pelo que os criminosos sem vítimas condenados em 1981-82 continuavam presos em 1986-88. Logo, em 1986, havia cerca de 6 condenados por drogas sem vítimas na prisão para cada pessoa envenenada, após a heroína ter substituído o LSD, a mescalina, o MMDA e a psilocibina nos mercados negros. Veja como as condenações se multiplicam, salpicadas por crises econômicas. (O Crash de 1987 do Reagan não aparece) 

Recessões e prisões quando Reagan substituiu Carter: USDOJ (link)

A função do Sistema da Reserva Federal é de suavizar e disfarçar o impacto financeiro da legislação suntuária que faz crime da produção e comércio. Quando, em 1907, uma série de leis estaduais e federais proibiu bebidas alcoólicas e acrescentou regulamentações sobre drogas--e até mesmo alimentos como sardinhas--uma crise bancária paralisou o país. Banqueiros influentes improvisaram uma rede de câmaras de compensação para pagamentos interbancários para que os negócios pudessem continuar. As leis de proibição mais amplas impostas pela Convenção da Haia, quando a China fechou as suas fronteiras a esses carregamentos, provocaram superávit de ópio e guerra nos Estados dos Balcãs. A pressão para utilizar estas leis e a Lei de Harrison para retirar quota de mercado da Alemanha-- principal produtor de analgésicos locais, remédios contra catarrho e narcóticos refinados--provocou a 1ª Guerra Mundial. Precisamente porque o seu papel é de facilitar a expansão da coação proibicionista destruidora da economia, a Fed age nos bastidores. A Reserva Federal serve como uma espécie de anestésico para diminuir a dor da proibição e das guerras que destroem a economia, ao mesmo tempo que inventa formas de dissimular as causas coercitivas desse estrago. Assim sendo, a Fed é uma espécie de ópio para impedir que as massas se apercebam de que as proibições ao comércio geram pobreza. Então, porquê a recessão desde a segunda metade de 1981 até à maior parte de 1982? 

Fatos informam sem rodeios. Um deles é que os Crashes são o que acontece quando as pessoas que sabem o que passa em volta percebem que uma crise está a caminho. Imagine crianças brincando nos trilhos. De repente, pulam fora e logo passa o trem. Todos os Crashes ocorrem quando investidores vêem que um pavoroso desastre se aproxima e pulam fora. A Depressão ou recessão que se segue ao Crash é a verdadeira causa. O Crash é apenas o prenúncio. No nosso último episódio, Jimmy Carter herdou as consequências da Operação Intercepção e da Guerra às Drogas de Nixon de 1969 e da Guerra às Drogas de junho de 1971. Houve também a Comissão de Caça aos Zumbis dos Estupefacientes, realizada em Genebra no início de 1973 (link). Ninguém fala nisso. Qual foi a última vez que você ouviu falar do Comité Consultivo do Ópio da Liga das Nações, que se reuniu em Genebra de 17 de janeiro a 2 de fevereiro de 1929 para exortar os políticos de todo o planeta a contratar meganhas armados para roubar, matar ou enjaular pessoas por causa do ópio--e ainda de coisas que nem são nem formadoras de hábito ou causadores de torpor? Procure na internet! 

Em 31 anos de pesquisas nos acervos, a única menção deste importante movimento internacional, altruísta e subsidiado, na imprensa escrita dos EUA, foi a seguinte entrada no Almanaque da New York World de 1930, registrando os acontecimentos do ano anterior, 1929, o ano do Grande Crash da Bolsa

Genebra, 2 de fevereiro, na Comissão Consultiva da Liga das Nações sobre o Ópio, no seu relatório, revelou nomes das grandes empresas químicas que têm sido frequentemente apanhadas no tráfico ilegal, indica os membros da Liga que se recusaram a colaborar e revela que os fabricantes encontraram um jeito de contornar as restrições do tratado convertendo os narcóticos em sais químicos que podem ser facilmente alterados para a sua forma original. Declara que existe um movimento para o estabelecimento de mais fábricas de droga na Turquia, Hungria, Pérsia, Rússia ou Jugo-Eslávia, onde os narcóticos estão além do controle internacional e ópio é fácil de se obter. (NY World Almanac 1930 p.98)

Seguem mais alguns fatos que você provavelmente nunca viu nos jornais ou na televisão. 

15JAN1963: Por Ordem Executiva 11076, o presidente Kennedy criou uma Comissão Consultiva sobre Entorpecentes e uso de Drogas, que ficou de se desmanchar em 31 de dezembro de 1963.(link) Nunca se desmanchou. 

Pouco depois de Gerald Ford ter perdoado Nixon por todos seus crimes e delitos graves, com uma pensão de 60.000 dólares, 400.000 dólares em despesas de transição e 12.000 dólares para um camareiro, desenvolveu-se uma crise financeira na Bélgica--e em todo o mundo.


14 de outubro de 1974, Gadsden Times 13/35 Transações não autorizadas em moeda estrangeira podem custar milhões ao banco. Buxelas, Bélgica - O segundo maior banco da Bélgica disse hoje que espera perdas de US$ 15 milhões a US$ 37,5 milhões devido a transações não autorizadas em moeda estrangeira. O Banque de Bruxelles e o Ministério das Finanças belga informaram na segunda-feira que quatro dos dealers do banco tinham feito “transações cambiais irregulares, não registadas e não autorizadas” de dólares americanos e marcos alemães. O Ministério Público disse que os dealers estão  acusados de falsificação de documentos contabilísticos.(link). 

Dez páginas antes, nessa mesma edição, uma súbita e inexplicável crise financeira com gráficos que mostravam a queda das bolsas de valores nos EUA, Alemanha, França, Hong Kong, Londres, Itália, Holanda, Austrália, Canadá e Japão.(link) Isto revelou-se oito meses depois de as rodas começarem a girar na terceira sessão da Comissão de Entorpecentes de fevereiro-março.(link) A Bolívia enviou observadores para o espetáculo desse circo. De repente, houve revoltas na Bolívia e na Argentina, as quais nada produziam ou transportavam senão produtos de coca nada formadores de hábito, tachados de “narcóticos” por decreto burocrático. A repetição deste comício da violência daria reprises em 1976 e 1978!

As revoltas violentas na Bolívia e na Argentina foram um indício de que o que quer que tenha saído da Bélgica para prejudicar a economia mundial teria que ter algo a ver com a cocaína. O Grupo de Trabalho para o Abuso de Drogas do Conselho Nacional, presidido pelo Vice-Presidente Nelson Rockefeller, concluiu num Livro Branco que a maconha era problema de pouca monta e que a cocaína nem problema era. “A cocaína”, dizia o relatório, ‘não causa dependência física... e normalmente não resulta em consequências sociais graves, tais como crime, urgências hospitalares ou morte.’(link) Os republicanos decidiram que isto--não o encobrimento do assassinato de JFK, o perdão de Nixon, ou Dole na pauta--fora erro. Pouco antes das eleições, surgiram notícias de que na Europa tinham deixado de consumir opiáceos. Os europeus preferiam tomar LSD, tal como os americanos em 1966-70 tinham largado das outras drogas, preferindo o LSD.(link) O governo Carter, atolado na crise do Irã, tentou desesperadamente aplicar leis de crimes sem vítimas, mas só conseguiu provocar outro Crash.(link) Os fanáticos maometanos ajudaram a eleger Reagan, ficando assim montado o cenário para uma mudança tão dramática nas populações prisionais como a que Herbert Hoover tinha feito quando a população mundial era de 2 bilhões.(link


A seguir: A lei alemã dos “estupefacientes” de 1981, aprovada numa repetição de 13 de julho de 1931; a recessão, Tylenol com cianeto e a mantra "só diga não" da Reaganjugend.

Leitura equivocada: 1931: Debt, Crisis, and the Rise of Hitler, de Tobias Straumann (link) Este é o único livro, tirando o Suplemento dos Documentos Presidenciais de Herbert Hoover sobre a Moratória, que finge oferecer uma explicação detalhada da crise que destruiu o sistema bancário alemão em maio, junho e julho de 1931.(link) Straumann, como  o Hoover e os seus secretários, omite menção dos trabalhos da Liga das Nações, no âmbito do Tratado de Versalhes, para levar a Alemanha a assinar uma Convenção de Limitação de “Narcóticos” mais abrangente e rigorosa que a Convenção do Ópio de Haia de 1912 e a Convenção de Genebra de 1925 juntas. De fato, a Alemanha era líder mundial da química e da indústria farmacêutica e contava com essa receita para pagar as indenizações de guerra aos aliados europeus da Primeira Guerra Mundial. Custa crer que Straumann ou o Presidente Hoover não compreendessem exatamente porque essas restrições iminentes destruíram a economia alemã. Na verdade, estas restrições iminentes e as cobranças contínuas eram precisamente o que, desde o início de setembro de 1929, preocupavam os investidores ao ponto de provocar a fuga de capitais da Alemanha. Straumann repete com rigor a história de Hoover, até às omissões e elisões que despercebem esta faceta mais importante do contexto político, financeiro e diplomático da ocasião. Qualquer membro do governo Hoover ou do conglomerado I.G. Farben, querendo tirar do escrutínio público todo esse aspecto da crise tendo a ver com a limitação do consumo de drogas, nada poderia fazer melhor do que recorrer a alguém como Straumann para corroborar a história de Hoover.

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