sábado, 30 de julho de 2022

Policiais assaltantes

 

Contrabandista vira assassino

Palpiteiros metidos a economista "expricam" - sem entender - apenas uma uma das várias crises econômicas e financeiras da lei seca dos EUA, todas elas vergonhosas para os partidos que disputavam o poder e cobravam impostos e obediência. (link) É como se a causalidade entre proibir o comércio e ver desabar a economia fosse crimidéia orwelliana.(link)

A lei seca nacional foi criatura do Partido da Proibição formado em 1869 e reforçada por doações anuais do Rockefeller, Vanderbilt e Morgan a partir de 1880. Durante 11 campanhas presidenciais o fanatismo antietílico obteve em média 1,4% do voto popular, mas bastaram esses votos, alavancados pela acirrada concorrência das mesmas facções que travaram a guerra, para colocar na Constituição uma ditadura mística determinada a proibir não a violência, mas sim a produção, o comércio e o transporte de cerveja, vinho e destilados.(link

Hoje o setor vale 1,65% do PIB (link), que a preços ilegais com 400% de ágio dariam quase 7%. À época o economista Clark Warburton (inventor do termo Gross National Product) calculou que o mercado informal somava 5% do PIB. Nada disso incluía a proibição de cânhamo, dormideira e folhas de coca. Estas cobriam enormes plantações na Índia, Burma, Cochin-China, Slovênia, Croácia, Sérvia, Macedônia, Grécia, Bulgária, Turquia... e ainda Peru, Ecuador, Bolívia, Colômbia, Java, Sumatra e Formosa (hoje Indonésia e Taiwan)--e enchiam os laboratórios da Áustria, Hungria, Alemanha, França Escócia, Suiça. Imagine esmagar de um dia para outro 5% do PIB.

Tão logo o povo se deu conta de que A Teocracia cleptocrata desfechara o golpe atroz que a Grande Guerra antes ocultava, houve gambiarra.  O jornalista H.L. Mencken explicou a reação em O Apogéu da Lei Seca

Tão logo perceberam o que havia ocorrido, aplicaram ao problema o talento nacional de corromper e dali a seis meses estava solucionado. (Rui Castro traduziu melhor esse trecho em O Apogeu da Proibição, link)

Policiais, xerifes, fiscais da alfândega e meganhas da lei seca formaram quadrilhas para lucrar salvando a economia--e conseguiram. Mesmo assim a adesão ao partido comunista aumentou em 300% por um tempinho com a recessão. Aliás, no programa do partido democrata apareceu em 1924 um item reclamando da epidemia de narcodependência à heroína entre a juventude. A Alemanha exportara comunismo desde 1848, e morfina (heroína tb é morfina) desde a mesma época. Derrotada e devendo a todos, a Alemanha exportou os entorpecentes e estimulantes industrializados cujos mercados foram o objeto disputado pelas Guerras dos Bálcãs, que se transformaram na Grande Guerra de 1914-1918. 

A guerra não resultou no controle alemão desse mercado e sim na cobrança de reparações. As drogas vendiam bem no mercado americano onde todas as alternativas (exceto reza e abstinência) também foram proibidas, e a Alemanha dominava esse mercado informal. Ainda multiplicou dinheiro de prelo até atingir hiperinflação pra nenhum político brasileiro botar defeito.(link)


Foi a procuradora federal Mabel Willebrandt que prosseguiu contra os Chefões Policiais no Supremo. Conseguiu o Nihil Obstat constitucional para confisco de papéis, grampos, e ainda reformando sentença inocentando um cachaceiro que recusou a se auto-incriminar fazendo declaração do IR dos lucros ilegais. Essa vitória, em maio de 1927, expôs sociedades estrangeiras--que operavam com estimulantes e entorpecentes--ao IR americano. Imediatamente as bolsas da França e Alemanha começaram a perder valor. Ela também conseguiu obrigar os oficiais e meganhas da lei a dedurar os colegas.(link)

O resultado disso tudo aparece em A Lei Seca e O Crash. Mas o George Waffen Bush tentou alistar os meganhas que transformam vícios em crimes oferecendo-lhes oportunidades para assaltar o povo mediante confiscos proibicionistas sem necessidade de acusar a vítima.(link) Disso resultou confisco de lares e imóveis de outros tipos até que em 2008 o mercado de títulos lastreados em títulos hipotecários desabou por completo. (link) Nunca as "expricações" mencionam os confiscos de bens e de contas bancárias. Isso seria crimidéia.(link)

***

Quer saber a causa do Crash de 1929 e da Depressão da década de 30? Leia.

ALeiSeca0619

Para melhorar o seu inglês, nada como a minha polêmica tradução de Monteiro Lobato: America's Black President 2228. Na Amazon (link)

Blog americano... www.libertariantranslator.com 

Marcadores: , trapaças, 


segunda-feira, 4 de julho de 2022

Independência para principiantes

 

O primeiro passo para sair da nossa fria atual, acabar com a Lei Seca, Menos Interferência do Governo, Menos Leis, Menos Impostos, De Volta à Real


Jefferson, independência que dá para entender

Henry Louis Mencken, autor de “The American Language”, achou que o governo desprezava os direitos dos cidadãos porque o cidadão não entendia mais o inglês do Século XVIII. O que diria o membro do povão de uma frase como esta: “Convocou os corpos legislativos a lugares nada usuais, inconvenientes e distantes dos cartórios em que se guardavam seus registros públicos, com o único fito de arrancar-lhes, pela fadiga, o assentimento às medidas que lhe conviessem.”?

No tempo do Fico, até com isso a gente dava um jeito:
“Consideramos estas verdades por si mesmo evidentes, que todos os homens são criados iguais, sendo-lhes conferidos pelo seu Criador certos Direitos inalienáveis, entre os quais se contam a Vida, a Liberdade e a busca da Felicidade. Que para garantir estes Direitos, são instituídos Governos entre os Homens, derivando os seus justos poderes do consentimento dos governados. “

Mencken então traduziu a Declaração para o vernáculo americano em defesa da liberdade e dos direitos da pessoa humana, em 1921. O que segue serviu como inspiração para a formação do primeiro Partido Libertário.

SEMPRE que as coisas ficam tão emboladas que o povo de determinado país tem que cortar os laços que o ligavam a outro, e ficar na sua, sem pedir licença a ninguém, exceto quiçá o Todo-Poderoso, é correto esclarecer porque fizeram isso, para que tudo mundo possa ver que não estão aprontando nem armando nada.
O que temos a dizer é o seguinte: primeiro, tanto tu como eu valemos o mesmo que qualquer outro, aliás, quem sabe até mais; segundo, que ninguém tem direito a burlar nenhum dos nossos direitos; terceiro, que cada um tem o direito de viver, de ir e vir como quiser, e de se divertir do jeito que bem entender, desde que não interfira com outra pessoa.
Que o governo que não garante esses direitos não presta para nada; e mais, que as pessoas deviam escolher o tipo de governo que querem, sem que ninguém de fora se intrometa no assunto. E se o governo não fizer assim, cabe ao povo o direito de botá-lo na rua e instalar outro que cuidará dos seus interesses.
É claro que isso não implica em montar revolta todo dia mode aqueles bobocas da América do Sul, ou sempre que algum político ficar à toa, sem cargo. Mais vale acomodar um pouquinho de corrupção, etc., do que ficar toda hora montando revoluções mode aqueles ladinos, e qualquer um que não seja anarquista, ou desses comunas da vida, diria o mesmo.
Mas quando as coisas ficam tão ruins que o cidadão quase que não tem mais direito nenhum, faltando pouco para ser chamado de escravo, aí todos deviam unir as forças e botar os sem-vergonhas na rua, e instalar outros cuja roubalheira não dê tanto na vista, e marcar cerrado em cima destes.
Taí a situação que o povo dessas Colônias encara, que já está de saco cheio, e vai dar um basta nisso.
O governo desse Rei atual, George III, nunca prestou desde a largada, e sempre que peão reclama, lá vêm os meganhas dele, impondo tudo goela-abaixo.
Vejam só algumas das agressões que ele armou:

  • Entrou vetando na Legislatura as leis que todos favoreciam e que quase ninguém achava ruins.
  • Não permitia a aprovação de nenhuma lei a menos que antes passasse pelo cunho dele, e logo metia no bolso, fazendo de morto, e não estava nem aí para as reclamações da gente.
  • E quando o pessoal trabalhava direitinho, pedindo a ele que aprovasse um projeto de lei sobre esse ou aquele assunto, ele forçava a barra: ou eles fechavam a Legislatura, deixando ele legislar sozinho, ou não podiam ter essa lei.
  • Ele forçou a Câmara a se reunir em vilarejos lá nas cucuias, de modo que quase ninguém conseguia chegar lá e a liderança ficava em casa, deixando ele fazer tudo como quisesse.
  • Ele mandou a Legislatura às favas, e dispensava os deputados sempre que ousassem criticá-lo ou falar grosso com ele.
  • Depois de abolir a Legislatura, ele não permitiu que mais ninguém fosse eleito, de modo que não havia quém tocasse as coisas, e aí qualquer um entrava ali e fazia o que quisesse.
  • Procurou afugentar as pessoas que queriam se mudar pra cá, e colocou tanto obstáculo no caminho do italiano ou judeu, pra tirar os papéis, que era melhor largar mão disso e ficar em casa mesmo. E se conseguia entrar, não lhe permitia posse nem de uma gleba, de modo que nem vinha mais pra cá ou voltava pra sua terra.
  • Ele atrapalhou os tribunais, e não contratou juízes o suficiente para dar conta do trabalho, e a pessoa desesperava de tanto aguardar a chamada da sua causa que abandonava a reclamação, voltava pra casa e nunca ganhava o que lhe deviam.
  • Fez gato e sapato dos juízes, despedindo-os sempre que faziam algo que ele não gostasse, ou ele atrasava os seus salários, de modo que eram obrigados a obedecer ou não recebiam.
  • Ele inventou uma pá de cargos pra dar emprego pra tudo quanto é vadio que ninguém conhece, e o povo, coitado, é obrigado a pagar a despesa quer tenha condições ou não.
  • Sem guerra nenhuma, manteve aboletado no país um exército vadio, por mais que o povo reclamasse disso.
  • Deixou o exército tocar tudo a seu bel-prazer, e num ‘tava nem aí pra quem não vestia uniforme.

Deu trela pros corruptos, só Deus sabe de onde, deixando que dessem palpite em tudo, e ainda que aprontassem o seguinte:

  • Obrigam o pobre povo a fazer pensão para uma tropa sem serventia nenhuma, e que não querem ver vadiando em sua casa.
  • E quando os soldados matam o cidadão, arrumam tudo para que escapem ilesos do crime.
  • Bedelham nos nossos negócios.
  • Cobram imposto da gente sem querer saber se a gente achava que o objeto daqueles impostos seria do nosso interesse custear na marra ou não.
  • E quanto o sujeito era preso e pedia julgamento por júri, não deixavam que fosse julgado pelos seus semelhantes.
    Tocam peão que não tem culpa de nada pra fora do país, acusando-o em tribunal lá longe pelo que teriam feito aqui.
  • Nos países fronteiriços, esse rei deu apoio a governos canalhas e ainda quis que se alastrassem, de modo a fincar raízes por cá também, ou tornar o nosso governo tão canalha quanto o deles.

Ele nunca deu bola pra Constituição, e sim tratou de abolir as leis que todos achavam satisfatórios e aos quais quase ninguém se opunha, procurando sempre mexer com o governo de modo a poder fazer o que desse na telha.
Ele botou pra correr os nossos legisladores e ainda deu a entender que sabia fazer tudo melhor sozinho. Agora lava as mão de nós e ainda se dá ao trabalho de declarar a guerra contra a gente, de forma que a ele não devemos mais nada, e ele não manda mais na gente não.

  • Incendiou as cidades, matou as pessoas cachorramente a tiros, e infernizou as nossas atividades no mar.
  • Contratou regimentos inteiros de holandeses, etc., para guerrear contra a gente, dizendo a eles que podiam tirar de nós o que queriam, e atiçou pra cima da gente esses estrangeiros.
  • Agarrou dos navios os nossos marinheiros, obrigando-lhes a empunhar armas e lutar contra a gente, por mais que se relutassem contra isso.
    Fomentou insurreição entre os índios, dando-lhes armas e munições e mandando sentar lenha, e estes mataram homens, mulheres e crianças sem ver a diferença.

Toda vez que lançou mão dessas coisas, a gente se empenhou pra levantar uma oposição, mas toda vez que a gente se mexeu pra acordar o povo, ele tornou a repetir as mesmas façanhas. Quando o homem sempre age com tamanha brutalidade, salta aos olhos que esse aí não tem fineza e não merece o poder pra mandar em povo nenhum que ainda tem direitos; merece, sim, um chute no traseiro. E quando a gente prestou queixa pros ingleses, eles não deram satisfação. Quase que todo dia avisamos a eles que os políticos de lá faziam coisas com a gente que não tinham nenhum direito de fazer.

Tornamos a lembrá-los quem éramos nós, e o que a gente fazia por cá, e porque viemos pra cá. Pedimos a eles pra tratar direito da gente, e avisamos que se continuasse assim nós íamos ter que tomar uma atitude qualquer sobre as coisas e que eles talvez não iriam gostar. Mas quanto mais a gente explicava, menos eles ligavam para o que a gente dizia.

Já se não nos apoiam, é porque estão contra a gente, e estamos prontos e dispostos a cair de pancada em cima deles, ou até fazer as pazes quando tudo terminar e sentar a poeira.

Portanto fica resolvido que nós, os representantes do povo dos Estados Unidos da América, reunidos no Congresso, declaramos o seguinte: Que os Estados Unidos, que outrora eram as Colônias Unidas, hoje são um país livre, como deviam ser, e que escorraçamos o rei inglês e não queremos mais nada com ele, e os ingleses não mandam mais na gente; e ainda que, na condição de país livre, podemos fazer tudo o que os países livres fazem, sobretudo declarar guerra, celebrar a paz, assinar tratados, formar empresa, e afins. E nos juramos em apoio a essa proposta com a mão na Bíblia, cada um e todos nós, e prometemos persistir nisso, custe o que custar, na vitória ou na derrota, quer consigamos fazer vingar ou mesmo levando a pior, não importando se agindo assim a gente perder tudo ou mesmo seja enforcado pelo ato.

* * *

Quer saber a causa do Crash de 1929 e da Depressão da década de 30? Leia.
ALeiSeca0619

Para melhorar o seu inglês, nada como a minha polêmica tradução de Monteiro Lobato: America's Black President 2228. Na Amazon (link)

Blog americano... www.libertariantranslator.com 

Marcadores: , trapaças,