
A autora russo-americana Ayn Rand, a exemplo do Friedrich Nietzsche, escreveu explicando como o misticismo altruísta estrangula a Europa.(link)
O noticiário alemão, DW.com, é minha fonte favorita de notícias europeias e eu o recomendo muito, juntamente com o tradutor eletrônico DeepL.(link) No entanto, impregnadas nas fibras da sua panorâmica do mundo (e também da perspectiva americana) estão as suposições de altruísmo místico. Antes de os EUA interferirem no setor farmacêutico da Alemanha, quase todos os alemães acreditavam em deuses e demônios invisíveis--crenças reforçadas pela Bíblia de Gutenberg no final da Guerra dos Cem Anos. “O espírito do Senhor desceu sobre mim, porque sou o imperador dos alemães! Sou o instrumento do Altíssimo. Sou Sua espada, Seu representante. Sofrimento e morte para todos aqueles que resistirem à minha vontade! Pesares e morte aos que desacreditam na minha missão!”(link)
A citação acima, do Kaiser Wilhelm, era coisa corriqueira em 1914, quando os americanos (e outros concorrentes da Alemanha), usando a Haia como um boneco-camuflagem, procuravam restringir a produção farmacêutica alemã num arroubo de zelo proibicionista. A reportagem de hoje é sobre como militares alemães executaram grande número de crianças por não terem avançado e atacado tanques americanos em 1945.(link) Décadas antes de a China e os EUA pressionarem os europeus a reprimirem primeiro o ópio e a seguir “drogas”, o Kaiser já havia proclamado: “...pode acontecer de eu ordenar que vocês balear seus próprios parentes, irmãos ou pais, e mesmo assim caberá a vocês seguirem as minhas ordens sem cocoró nem choro baixo”. Não é de se admirar, portanto, que a frase “O bem comum antes do bem individual” da plataforma nacional-socialista cristã tenha escorado com justificativa moral, ética e legal os atos subsequentes do Kaiser e do Führer. Justificativas coletivizadas semelhantes levaram ao holodomor na Ucrânia e aos campos de extermínio em território ocupado pelos alemães.
Derrotada em 1919, da Alemanha foram cobradas reparações pelo Tratado de Versalhes, que TAMBÉM impôs regulamentações incapacitantes ao setor farmacêutico do país, carro-chefe do que restava da sua indústria, dando à Liga: “supervisão geral sobre a execução de acordos com relação ao tráfico de mulheres e crianças, e o tráfico de ópio e outras drogas perigosas”. É desse palavreado juntando assuntos diversos num só disparate que os republicanos ufanistas tiraram o hábito de depreciar tantos quanto se opuserem à sua agenda como “crackomaníacos e pedófilos”.
Este mesmo tratado concedeu ao Japão todos os direitos alemães em Shantung e Kiaochao (Artigos 156 a 157) e obrigou a Alemanha a renunciar a todas as reivindicações de indenizações da China decorrentes do Protocolo de Pequim de setembro de 1901 (Artigo 128).(link) O Japão cultivou coca em Formosa/Taiwan da mesma forma que os Países Baixos fizeram em Java e Sumatra--isso no decorrer do fechamento do cultivo de ópio por preocupação cristã com os nativos. O Japão também foi importunado pela missão sino-americana de demonizar primeiramente todos os narcóticos, expandindo para qualquer coisa que eles pudessem fazer com que a Haia ou a Liga dissesse ser “perigosa”, sem nenhuma comparação com os efeitos do gin e dos cigarros. Antes do boicote da China aos produtos americanos em 1905, os republicanos faziam fila para distribuir cocaína aos mineiros e estivadores para estimular a produção.(link)
Até 1931, as leis repressionistas que a China havia extorquido com sucesso dos EUA haviam provocado a Primeira Guerra Mundial, agravado a hiperinflação alemã do pós-guerra, deslanchado o crash de 1927 na Europa, o crash de 1929 nos Estados Unidos e o pânico e colapso do sistema bancário e industrial da Alemanha no verão de 1931. Essa última recessão levou o partido nacional-socialista de Hitler ao poder. Não é de se admirar que tanto a Alemanha quanto o Japão tenham abandonado a Liga das Nações, encarando o desprezo da Liga e dos EUA para formar sua própria aliança, livre de proibições forasteiras da produção e do comércio.
No capítulo final de A Revolta de Atlas da Ayn Rand--autora que apoiou o lado dos Aliados contra a Alemanha e formulou o Princípio da Não-Agressão durante os julgamentos de crimes de guerra--propôs a seguinte emenda à Constituição dos EUA: E o Congresso não fará nenhuma lei que restrinja a liberdade de produção e do comércio.(link) Na mesma obra ela explica por que são mutuamente incompatíveis dar valor à vida e aou altruísmo--é das duas, uma. A Alemanha bem que podia rejeitar o socialismo místico da economia mista e retomar a concorrência irrestrita nas suas melhores áreas de atuação. *-*-*
Leitura: The Boxer Rebellion and the Great Game in China, de Robert Silbey, também autor de um livro perspicaz sobre a luta filipina contra a dominação dos EUA, é uma narrativa interessante de um impasse entre a China proibicionista e e um conjunto improvisado de nações mercantilistas de cartel de economia mista acostumadas a tratar os chineses da mesma forma que o general Billy Tecumseh Sherman tratava os rebeldes do sul, e a seguir as tribos comancheria desde o Texas até o Canadá. (link) Essa aliança improvisada resultou de uma onda de descontentamento intensificada pela seca que permeava uma população dividida. Fazia-se vista grossa ao cultivo de ópio nativo para estancar a sangria do tesouro nacional pelos fornecedores estrangeiros da gosma da mesma variedade de papoulas. Missionários foram instalados no meio dos habitantes justamente pela sua capacidade de enfurecer o populacho e serem feitos em picadinho. Tais eventos foram explorados pelas potências estrangeiras como pretexto para cobrar mais poder, reparações e controle sobre o infeliz império Qing. A verdade não é nada parecida com o filme de Charlton Heston que retrata os chineses como traficantes bárbaros e os estrangeiros como cristãos devotos e altruístas que estavam lá para pastorear as pessoas mais incivilizadas e ignorantes para a luz de um mundo cristão e científico.(link) Este vídeo dá uma comparação das perspectivas que oferece uma boa introdução ao contexto da época (link).
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