Remy comemora a independência dos sem-liberdade
Hoje importam cada vez mais os salamaleques, rapapés, molhadas de mão, comissa, propina e vista grossa por encomenda tão populares na Europa pré- e pós comunista. A associação americana de tradutores quer proibir a nossa atividade, apenas abrindo exceções para o Movimento dos Sem Auto-estima que se submetem a rastejar--sobretudo para trabalhar como intérpretes nos tribunais.
Nessas armações há sempre o "grandfathering", que admite os lobistas velhacos sem nenhuma triagem, e barra a entrada dos mais jovens mediante labirintos burocráticos e cobranças. Uma vez que aos velhos resta diminuída capacidade de aprender, o resultado é uma classe antes produtiva se reduzir à incapacidade de competir e dependência no apadrinhamento predatório.
No Brasil falam em abolir a lei monárquica do tradutor juramentado, sobretudo um ato anti-nepotismo do tempo do Fico. Esse exige concurso por prova e dificilmente se acha um tradutor juramentado incompetente. Mesmo assim, muitos se prostram perante as agências em vez de trabalhar por conta própria. O maior perigo é a tabela tipo cartel. Quando de repente a moeda passa a valer menos do que palha de milho, os tradutores juramentados ainda são obrigados pelas repartições a aceitar essa quirera como se nunca existiu padrão ouro ou Lei Áurea.
E há também a concorrência dos robôs exemplificada no romance teatral de Karel Capek. Repare que a IBM tenta fazer robotradutores tipo R.U.R para concorrer com o Google e conosco. Como se não bastassem as gravações de telemarketing para infernizar a vida...
Por falar em desastres provocados pelos burocratas bedelhos, A Lei Seca e O Crash explica como a proibição de bebidas lúdicas provocou o colapso e a Grande Depressão. Está no Amazon a preço de uma cerveja artesanal em formato Kindle que funcional no celular. Aliás, o ano-cenário da formulação dos andróides de Capek foi 1932, quando o presidente Hoover, que cobrava a lei seca enrijecida, perdeu a eleição. Nas falas do roteiro de 1923 referente ao direito de os robôs de Capek tomarem uma geladinha:
Helena: Eles devem ser—tratados como seres humanos.
Hallemeier: Aha! Suponho então que poderão votar. Tomar cerveja. Mandar na gente?
Helena. Mas por que eles não poderiam tomar cerveja? O leitor por acaso achava que Westworld fosse novidade?
Meu blog americano...