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terça-feira, 17 de setembro de 2024

EM DEFESA DO VOTO LIBERTÁRIO

 

Só os chargistas e libertários entendem que quem vota em apanhar, apanha.  
Ouça a gravação caloura deste texto em formato mp3.(link)


Perder é Ganhar

Milton Friedman, em “Livre para Escolher,” observou que a plataforma socialista de 1928 havia se transformado em lei — mesmo se um tanto aguado. (págs 286-7 e Appendix A do inglês.(link pág 322). Sem as suas campanhas veiculando programas políticos projetados para eleger seus candidatos, ano após ano, década após década, os socialistas jamais conseguiriam realizar tal façanha. Mas os seus candidatos perderam quase todas as eleições. Os proibicionistas também quase sempre perderam, mas conseguiram mudar a constituição e proibir a venda, produção e o transporte de todo e qualquer líquido que contivesse um gota sequer de álcool potável. Como é possível que os partidos que perdem as eleições transformam as suas agendas na suprema lei da nação? Qual seria o critério correto para se distinguir entre perder e ganhar?

Examinando a evolução dos programas dos partidos políticos nos EUA, o que mais surpreende é constatar que todas as grandes mudanças na legislação nacional tiveram origem nas plataformas de terceiros, quartos ou quintos concorrentes políticos. Devido à sua familiaridade e impacto, a aprovação do imposto de renda e da lei seca servirão tão bem como quaisquer outras leis para mostrar como funciona o processo.

O proibicionismo

As colônias americanas importavam melaço das colônias francesas e holandesas no caribe para destilação em rum. Os impostos ingleses sobre essas importações (e não o chá) foram uma das causas principais da revolução americana. Depois desta revolta, um imposto de circulação lançado sobre bebida pelo novo e endividado governo deslanchou a rebelião do uísque. Mais tarde, impostos internos sobre o álcool ajudaram a financiar o lado legalista da guerra da secessão. As guerras do ópio travadas pelo império britânico – para inviabilizar a proibição chinesa da droga cultivada na India Britânica – foram malvistos pelos americanos já chocados com o colonialismo europeu. O álcool parecia ser igualmente nocivo nos seus efeitos observados nas reservas indígenas e entre os naturais da África e Polinésia. Para os políticos práticos, os setores de destilados, cerveja, bares e remédios patenteados eram fontes de erário, apoio político e contribuições para campanhas Já para as sensíveis narinas dos proibicionistas, essas “negociatas” com o “tráfico” apenas revelavam a desairosa corrupção que permeava os grandes partidos.

A Convenção Nacional Proibicionista reuniu-se em Chicago no outono de 1869. Depois de deliberarem que o “tráfego” das bebidas alcoólicas seria uma desonra à civilização cristã, resolveram acabar com ela usando a força da lei estadual e nacional. Sua plataforma política girava em torno dessa única questão enquanto tripulavam e zarpavam sua nau nas águas turbulentas da política nacional em 1872. Os partidos republicano e democrata ficaram alarmados a ponto de colocar nos seus programas advertências contra as leis que descreviam como “anticonstitucionais” ou “suntuárias” conforme o partido. Os partidos principais falavam com palavras diferentes, porém foram uníssonos ao denunciar os desvairos da insurgência. Afinal de contas, alguns estados do litoral norte-Atlântico experimentaram a lei seca na década de 1850 com resultados desastrosos. E os insurgentes tomavam vulto.

O Imposto de Renda

O imposto de renda estreiou explicitamente como proposta de agenda política no Manifesto Comunista publicado em alemão em 1848. Esse manifesto foi traduzido para a língua inglesa nas folhas de uma revista britânica, “The Red Republican.” Esta expressão deixou sua marca a ferro quente na consciência literária dos Estados Unidos na “Cabana do Pai Tomás” de Harriet Beecher Stowe, antes mesmo de o partido republicano na América dar na vista. A palavra “renda” possuía diversos significados na mente popular, mas os impostos eram sempre cobranças. A resistência sulista às sobretaxas alfandegárias suscitava ameaças de secessão em 1832-33, quando “ordenanças de nulidade” estaduais que proibiam a cobrança das sobretaxas alfandegárias, elas mesmo foram anuladas por ameaças feitas pelo governo federal. No auge da verdadeira Guerra da Secessão, o governo da União, sob pressão de dívidas, aprovou um imposto de renda em 1º de julho de 1862. Esse imposto de capitação nada popular foi finalmente revogado e seus fiscais afastados em 24 de dezembro de 1872. O imposto de renda foi ressuscitado e entrou nas campanhas eleitorais americanas com estréia no programa de 1880 do partido “Greenback” (papel-moeda), onde foi formalmente arrolado como um imposto sobre “bens” e oferecido como alternativa às altas sobretaxas alfandegárias sobre as importações.

O Efeito da Sangria

Após o pânico de 1873, numa severa depressão econômica marcada por dolorosa contração monetária provocada pela fiscalização dos correios, popularizou-se a ideia de usar o governo para pegar no alheio. O partido Greenback ganhou 300.000 votos além da diferença entre o voto popular obtido pelos partidos republicano e democrata. Com certeza, essa foi uma eleição sobremaneira acalorada em que as contagens do voto popular e do colégio eleitoral deram resultados diferentes. Contudo, o voto dos Greenback foi 160 vezes maior do que a diferença de votos entre perdedor e vitorioso.

O Partido da Proibição era uma insurgência mais familiar, cujo plataforma antedatava o pânico financeiro de 1873. Aos olhos do John D. Rockefeller, o Partido da Proibição era preferível a um partido que apregoava o imposto de renda. Logo, em 1882 ele começou a doar um milhão de dólares de ouro ao cacife do partido da proibição. Na campanha de 1884 os proibicionistas arrebanharam um total de votos cinco vezes maior do que o gap entre ganhador e perdedor, reduzindo a sua desvantagem em relação ao inflacionários greenbackers.

Ladeando os greenback vinha o partido anti-monopólio, que eliminou qualquer ambiguidade por recomendar no seu programa “um imposto de renda graduado; e uma tarifa de importação…” em uma só frase na campanha eleitoral de 1884. Outra vez o partido inflacionário multiplicou a diferença, sangrando sete vezes a diferença dos votos, mas os proibicionistas agora contavam com seis vezes esse mesmo spread.

Alavancando o efeito da sangria

Podemos visualizar essa proporção do voto sangrado em relação à diferença na votação entre ganhador e perdedor como a “alavanca do efeito da sangria”. Pelo comprimento da alavanca substituímos a proporção dos votos populares obtidos versus a diferença ou “gap” entre partido que ganha e o segundo-colocado. Quanto maior a fatia de votos grangeada pelo pequeno partido, comparado com a diferença entre os votos obtidos pelo ganhador e perdedor dos partidos maiores, maior o “comprimento” da alavanca do efeito sangria. Quanto maior o comprimento dessa alavanca do efeito sangria, maior a sua eficácia no sentido de alterar o programa (conforme aparece nas cláusulas da sua plataforma) de pelo menos um dos dois maiores partidos. As doações de campanha fornecidas pelo Rockefeller, juntamente com a recuperação parcial após a depressão na esteira do pânico de 1873, mudaram os comprimentos relativos dessas alavancas de sangria de votos pelos pequenos partidos. Isso por sua vez mudou a disposição dos políticos dos partidos democrata e republicano a “colar” as cláusulas publicadas nos programas dos partidos arraia-miúda na esperança de engrossar os seus cordões com eleitores agarrados àquelas cláusulas. Os republicanos repararam instantaneamente que poderiam ter derrotado o Grover Cleveland com os votos de qualquer um dos pequenos partidos. E não deu outra. Desbancaram Grover Cleveland na próxima eleição e ganharam o poder executivo apostando no Benjamin Harrison – “sequista” ideológico cuja esposa, famosa por ser atleta do movimento de regeneração, ganhou apelido “Lemonade Lucy” pelas limonadas sem álcool que servia na Casa Branca.

O Partido Populista da América tirou o pó da cláusula do imposto de renda, inserindo-o na sua própria receita para uma cleptocracia populista em 1892. Essa mesma postura foi adotada por um Partido Socialista Trabalhista, só que mais estrilante ainda. Para fins de calcular os comprimentos das nossas alavancas dos efeitos da sangria de votos, juntamos todos esses partidos que preconizavam uma lei de imposto de renda sob a rubrica de “Saqueadores”. Os republicanos e democratas limitaram as suas plataformas a questões monetárias e tarifárias enquanto avaliavam o engrossar dos cordões dos místicos proibicionistas e predadores coletivistas. Regulamentação baixada pelos republicanos antes da posse do novo governo, aliado à falência da empreitada do Canal do Panamá provocou desastre econômico nos EUA em plena cerimônia da posse do governo do Cleveland. Farejando a oportunidade, surgiu um enxame maciço de lobistas da corrente saqueadora. Quando começaram a pressionar para que o congresso acrescentasse cláusulas de imposto de renda à lei tarifária sendo debatida na câmera, a crise empolou no famoso pânico de 1893. A lei finalmente foi aprovada em 1894, sendo derrubada no anos seguinte pelo Supremo Tribunal. Só depois, nas eleições de 1896, o partido democrata inseriu um palavreado confuso na sua plataforma que ao menos parecia ter algo a ver com o endosso de um imposto de renda federal. Nisso os republicano não se dignaram a reparar – ao menos não antes de o presidente Theodore Roosevelt cobrar em voz bem alta esse imposto.



Figura 1. Gráfico do total da fatia de votação conseguido pelos partidos militando pelo imposto de renda progressivo (vermelho) e pelo proibicionismo compulsório (azul). As barras que pendem abaixo da linha horizontal indicam contagens agregadas abaixo da diferença, no voto popular, entre os partidos vencedores e perdedores. 

Para apreciar o tamanho dessa mudança na posição do partido democrata, considere a origem estrangeira do imposto, sua importação por agitadores pela abolição da escravatura e posterior utilização pela União para guerrear contra a Confederação – reduto do partido democrata. Sua re-embalagem pelos populistas como fonte alternativa de receita para substituir a sobretaxa de importação – aliado ao efeito da sangria dos votos nas campanhas eleitorais para os pequenos partidos – venderam o imposto de renda ao partido que menos se esperaria ver apoiando tal coisa. Mas esmagados pela guerra e derrotados em praticamente todas as campanhas eleitorais, os democratas agarravam-se a qualquer coisa que oferecesse a perspectiva de reaver-lhes os votos roubados. Os republicanos subiram no mesmo carro alegórico, e a décima-sexta emenda entrou para a constituição dos EUA logo antes da posse do presidente Woodrow Wilson. O Proibicionismo Nacional, que desde a largada os democratas denunciavam como nociva aos direitos individuais, demoraria mais.

Figura 2. Gráfico dos totais da votação de sangria dividida pelo gap entre os partidos vencedor e perdedor. Mesmo quando o voto de sangria é menor que o gap, a aprovação da emenda proibicionista prova que o efeito da alavancagem continua sendo grande. 

Na campanha eleitoral de 1912, quando Theodore Roosevelt virou a casaca e pulou a cerca para o lado saqueador, a alavanca do efeito sangria de votos nas mãos dos estafetas do imposto de renda aumentou para três vezes o tamanho do gap entre ganhador e perdedor. Nas cinco eleições anteriores, nem os proibicionistas e tampouco os vários partidos saqueadores conseguiram uma fatia agregada da votação que ultrapassasse do tamanho do gap entre ganhador e perdedor. Mas em 1912, mesmo quando o Partido Progressista do Theodore Roosevelt desequilibrou tão dramaticamente a balança, fazendo pender para o lado saqueador, os proibicionistas também tiveram uma revanche, acumulando uma contagem quase 800.000 votos maior do que o gap no voto popular. A emenda proibicionista foi ratificada na constituição em janeiro de 1919, menos de três anos após a do imposto de renda.

Dez anos atrás, era frustrante para o pesquisador individual tenta reunir esses dados. Mas graças à Wikipédia, qualquer um com uma conexão com a internet pode reconstruir essas informações. Para praticamente todas as grandes questões o padrão é o mesmo: algum grupo de apoiadores ferrenhos organiza um partido político e oferece um programa cuja agenda encompassa os seus desígnios, lançando candidatos para concorrer pelos votos. Às vez são vários grupos e muitas plataformas, mas o que importa para os políticos são as cláusulas e a contagem dos votos. Afinal, são os políticos que fazem as leis.

Conclusões

Em grande número de eleições a diferença entre o partido que ganha e o que perde tipicamente é uma questão de poucos pontos percentuais. É fato histórico que se um partido menos popular repetidamente consegue ganhar alguns pontos percentuais em eleição após eleição, o número de votos que ganham muitas vezes será maior do que a diferença entre o partido que ganha e o que perde. Essa persistência tem recompensa sempre que um ou outro dos partidos dominantes, cobiçando aqueles votos “desperdiçados”, venha copiar uma cláusula do programa político do partido pequeno porém persistente.

Embora seja novidade para os eleitores, esse fato não surpreendia os políticos profissionais que mandavam nos EUA durante a guerra do Vietnã. Na época, a hegemonia dos partidos democrata e republicano foi ameaçada pelos arrivistas do partido libertário, cuja plataforma de estréia foi publicada em 1972.(link) Um passo além dos democratas, que em 1932 elegeram Franklin Delano Roosevelt num programa de abolição da lei seca nacional, os libertários ofereceram revogar até mesmo as leis suntuárias que proibiam substâncias que não o álcool – como maconha ou cânhamo. Isso era anátema para os republicanos, muitos dos quais aderiam fanaticamente a todas as formas do proibicionismo. Os democratas em 1916 elegeram Woodrow Wilson por ter afastado do país o envolvimento na Grande Guerra, evitando assim ao trabalho forçado do alistamento compulsório. Sim, foram traídos, e daí? O Partido Libertário em 1972 prometeu acabar com o alistamento forçado. Até hoje, nenhum candidato republicano ou democrata, ciente da presença do partido libertário, ousa preconizar o alistamento forçado da juventude da nação como carne para canhão.

Pela primeira vez na história temos um partido adicional que defende a liberdade – não o proibicionismo e tampouco a extorsão do povo a mão armada. É claro que o partido enfrenta concorrentes nas incarnações mais recentes da corrente saqueadora. A nova esquerda sofreu mutação para o partido verde, que procura restabelecer o nacional socialismo sobre um alicerce ambiental em vez de racial. Mas desde o colapso do comunismo, os partidos que preconizam o controle e confisco de tudo pelo governo, perderam bastante embalo. Por este motivo, e devido a eficácia dessa alavanca do efeito da sangria, os eleitores individuais podem fazer uma grande diferença votando pelo partido libertário. Doadores também.(link)

Se por ganhar você quer dizer reescrever as leis da nação para dar maior liberdade à pessoa humana, o voto dado ao partido libertário nunca é um voto desperdiçado. Muito pelo contrário. Sempre que um partido minoritário consegue 5% do voto, o efeito desta sangria surte efeito e transforma as cláusulas da sua programa em ativos valiosos. Os partidos majoritários necessitam de 10 vezes esse número de votos para conseguir o que querem: colocar esse ou aquele palhaço na frente das câmeras da televisão enquanto eles roubam o dinheiro do cidadão na surdina. Os republicanos e democratas entenderam isso perfeitamente em 1972, antes de Richard Nixon ser enxotado da Casa Branca. Antes mesmo de a tinta secar no programa do partido libertário, estes partidos entrincheirados já aprovaram legislação garantindo verba do governo aos partidos saqueadores. O partido libertário, apelidado de o “partido dos princípios”, julgava antiético esse tipo de corruptela. Esse compromisso com a integridade foi muito bem-visto pelos republicanos, democratas e socialistas. As empresas da mídia também entenderam com perfeita clareza a mensagem: nós, os partidos democrata e republicano, faremos a transferência do dinheiro do contribuinte para as suas contas bancárias se, a troco, vocês aproveitarão de toda e qualquer oportunidade de excluir os libertários da cena. É claro que a proposta de valor foi formulada em linguagem sofisticada e batizado com títulos sonoros tais como A Lei Federal das Campanhas Eleitorais de 1971 (P.L. 92-225) e a Lei da Receita de 1971 (P.L. 92-178).

Camuflar a coisa com eufemismos em nada mudou a natureza do golpe. Estas leis configuraram uma propina paga pelos partidos dominantes à mídia por eles licenciada para realizar a comunicação social – isso com o dinheiro tomado dos contribuintes no intuito de tomar mais dinheiro ainda desses mesmos contribuintes.(link) Os efeitos são como os da interferência eletrônica ou das fitas de metal lançadas por aeronave para burlar radares que o congresso estudava como parte da corrida armamentista da época. Os beneficiários eram sempre os partidos políticos entrincheirados, seus lobistas e apadrinhados. Veja onde foi esse dinheiro: surgiram candidatos biônicos badalados pelas grandes emissoras como “a” terceira alternativa. Quem se lembra de uma recomendação sequer do Eugene McCarthy ou John Anderson que seria diferente dos republicanos ou democratas?

Apesar mesmo da compra maciça de propaganda, quem ofereceu um programa coerente foram os libertários, e nas eleições de 1980 e 1984 taparam os candidatos biônicos da mídia. Ronald Reagan, travestido de capitalista e individualista neo-liberal, conseguiu votos de eleitores libertários. Mas as leis de subsídio às campanhas eleitorais não foram revogadas. O dinheiro alheio mudava de dono e de repente apareceu nova onda de cartolas e figurões perante as câmeras oferecendo aos eleitores uma “terceira” alternativa que não a do partido libertário. Figurões como Ross Perot e Ralph Nader encheram com suas caras as telas subsidiadas da tevê, excluindo os candidatos libertários durante a campanha. Em seguida, todo o discurso político tornou a girar em torno da transigência que seria possível entre “ambos” os partidos.

A grande mudança desde a campanha de 1880 foi o controle a mídia pelo governo. Começando pelas primeiras transmissões televisivas do Herbert Hoover em 1927 e culminando na era de Reagan, as comunicações se transformaram num oligopsônio da mídia. Somavam três sociedades anônimas regulamentadas e licenciadas pelos políticos saqueadores e suas burocracias. A “interferência” subsidiada das radiofrequências impediu que os eleitores soubessem da existência do partido cujo compromisso era de cortar os impostos e regulamentos. A internet quebrou esse monopólio.

Hoje, quem tem o mínimo interesse pode ver os resultados das eleições, ler as plataformas e as leis de subsídios. Podem ver que seu voto vale 10 vezes mais se dado a um pequeno partido. Consta que o partido minoritário que consegue 5% da votação cedo ou tarde consegue mudar as leis para melhor ou para pior. Os partidos majoritários necessitam de mais de 50% para eleger dos seus e – julgando pelo passado – nada sabem fazer senão aumentar os impostos e multiplicar os enxames de agentes que vêm nos empobrecer. Para quem se interessa pela liberdade, o voto dado a qualquer coisa menos o partido libertário é realmente um voto desperdiçado. Se os libertários ganharem 5% do voto, as leis mudam e  é você que acaba ganhando. E se não conseguirem esses votos, é você que perde.

Taí. Foi esse o argumento que publiquei e veiculei na tevê libertária de Austin, Texas em fevereiro de 2007.  Desde então exatamente zero pessoas da corrente saqueadora quer debater a questão. Em 2016 os libertários ganharam bem mais de 4 milhões de votos. Os nossos votos superaram a diferença entre os votos saqueadores em 13 estados portadores de 127 votos eleitorais (lá os estados votam nos candidatos a presidente e ganha o que tiver 270). Agora os saqueadores da cleptocracia nos infiltram e invadem os nossos comícios, tamanho o medo do crescimento da nossa fatia do voto. 

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 Quer saber a causa do Crash de 1929 e da Depressão da década de 1930? Leia.

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sábado, 16 de janeiro de 2021

Lysander Spooner, fascículo 7

Os comunistas do operariado 1872
O adversário Greeley morreu antes da votação pelos estados. Em 8 de junho, 5 meses antes da eleição, foi aprovada uma lei contra fraude no monopólio postal--leia-se lei para confisco de propaganda eleitoral da oposição "desleal" do Partido Democrata. Spooner com seus correios particulares e libertários ameaçava esse cartel.

Agora Spooner, horrorizado que o Norte estabeleceu uma ditadura de ocupação do Sul derrotado, passa a satirizar o imposto lançado em cima da alta nas sobretaxas alfandegárias que deu início ao movimento secessionista (pois as Ordenanças de Anulação de 1832 foram elas mesmas anuladas por ameaças do governo federal).

O proceder destes assaltantes e assassinos que se denominam por “o governo” é justamente o contrário do que faz o salteador individual.

Diferentemente dele, não se fazem conhecer individualmente, tampouco, por conseguinte, assumem responsabilidade pessoal pelos seus atos. Muito pelo contrário, em segredo (por voto secreto) designam algum dentre si para praticar o assalto em seu favor e lugar, enquanto se mantêm ocultados. Ao assim-designado dizem:

Vá ao A. B., e diga a ele que “o governo” necessita de dinheiro para empatar as despesas de sua proteção, bem como da sua propriedade. Se presumir dizer que nunca contratou conosco tal proteção, ou que não lhe interessa tal proteção, diga-lhe que isto é da nossa conta e não da dele; que nós optamos por protegê-lo, quer ele queira, quer não; e que cobramos remuneração, também, pela referida proteção. Se ousar-se a indagar quais os indivíduos que se arrogam o título de “o governo”, e que presumem protegê-lo, cobrando-lhe pelo serviço sem ele o ter contratado, diga-lhe que isso, também, é da nossa conta e não da dele; que optamos por não nos tornarmos individualmente conhecidos a ele; que em secreto (por voto secreto), designamos você como agente nosso para fazê-lo ciente de nossas demandas e, quando cumprir com estas, emitir-lhe, em nosso nome, um recibo que o protegerá contra demandas afins ao longo do exercício corrente. Se ele refugar, confisque e venda da sua propriedade o bastante para descontar não somente as nossas demandas, mas também as tuas despesas e extenuações. Caso resista ao confisco de sua propriedade, clame aos circunstantes que lhe ajudem (alguns dentre os quais serão, sem dúvida, membros do nosso bando). Se ele, na defesa de sua propriedade, conseguir matar qualquer do nosso bando que esteja lhe ajudando, capturem-no custe o que custar; indiciem-no (em um dos nossos foros) por assassinato, sentenciem e enforquem-no. Caso reclame pela ajuda dos vizinhos, ou quaisquer outros que, como ele, se dispuserem a resistir às nossas cobranças, e venham muitos desses prestar-lhe auxílio, brade que são todos eles rebeldes e traidores; que “o nosso país” está ameaçado; acione o comandante dos nossos assassinos pagos; diga-lhe que esmague a rebelião, que “salve o país”, custe o que custar. Diga-lhe que mate a tantos quanto resistirem, mesmo que sejam centenas de milhares, servindo assim para aterrorizar a quaisquer outros de tendência similar. Capriche nesta hecatombe de assassínio, para que tais distúrbios doravante não se repitam. Após sentirem esses traidores a nossa força e determinação, serão bons e leais cidadãos e pagarão os impostos durante muitos anos sem perguntar por que nem por onde.

É sob esta sorte de compulsão que são pagos os chamados impostos. E quanta prova tal pagamento nos oferece, de que o povo consente em apoiar “o governo”, está demonstrado, sem necessidade de mais argumento.

***

Isso aí, poucos percebem, é uma sátira das previsões da lei que criava e regulamentava o cargo dos cobradores juramentados a partir de 11 de fevereiro de 1862–em plena guerra civil. Seguem trechos relevantes começando com a página 297, onde distrain e distraint significam arresto e overplus o eventual excedente:

SEC. 11. And be it further enacted, That each of the assessors shall divide his district into a convenient number of assessment districts, within each of which he shall appoint one respectable freeholder to be assistant assessor for me: and each assessor and assistant assessor so appointed, and accepting the appointment, shall, before he enters on the duties of his appointment, take and subscribe, before some competent magistrate, or some collector, to be appointed by this act, (who is hereby empowered to administer the same,) the following oath or affirmation, to wit: “I, A. B., do swear, or affirm, (as the case may be,) that I will, to the best of my knowledge, skill, and judgment, diligently and faithfully execute the office and duties of assessor for, (naming the assessment district,) without favor or partiality, and that I will do equal right and justice in every case in which I shall act as assessor.” And a certificate of such oath or affirmation shall be delivered to the collector of the district for which such assessor or assistant assessor shall be appointed. And every assessor or assistant assessor acting in the said office without having taken the said oath or affirmation shall forfeit and pay $100, one moiety thereof to the use of the United States, and the other moiety thereof to him who shall first sue for the same; to be recovered, with costs of suit, in any court having competent jurisdiction. (…) Segue da pág. 304 a autorização para o confisco de bens nos termos da nova extorsão limitada (o imposto predial). 

Provided, That in any case of distraint for the payment of the tax aforesaid, the goods, chattels, or effects so distrained shall and may be restored to the owner or possessor if, prior to the sale thereof, payment or tender thereof shall be made to the proper officer charged with the collection, of the full amount demanded, together with such fee for levying, and such some for the necessary and reasonable expense of removing and keeping that grounds, chattels, or effects so distrained, as may be allowed in like cases by the laws or practice of the state wherein the distraint shall have been made; but in case of non-payment or tender, as aforesaid, the said officers shall proceed to sell the said goods, chattels, or effects, at public auction, and shall and may retain from the proceeds of such sale the amount demandable for the use of the United States, with the necessary and reasonable expenses of distraint and sale, and a commission of five per centum thereon for his own use, rendering the overplus, if any there be, to the person whose goods, chattels, or effects shall have been distrained: Provided, That it shall not be lawful to make distraint of the tools or implements of a trade or profession, beasts of the plow necessary for the cultivation of improved lands, arms, or is household furniture, or apparel necessary for a family.

Spooner nem exagerou. Apenas descreveu sem eufemismos o proceder dos cobradores destes novos impostos–adicionados à série de impostos cobrados pelo governo da União Alfandegária ora infiltrada por salteadores inspirados pela tradução do manifesto comunista de 1848. O novo governo, no afã de cobrar impostos protecionistas, alienou os sulistas a ponto de fazer com que abandonassem a União, alguns migrando para o Brasil e buscando refúgio na cidade de Americana, SP em 1867. Resultado: Americana em 2013 recebeu o melhor ranking de bem-estar entre as cidades brasileiras. 

(Continuação desta tradução pelo http://www.tradutoramericano.com no Fascículo 8)

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quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Lei Seca 2.0: Nixon


Mania de paredes


Pano de fundo aqui é o fato de que Timothy Leary, psicólogo formado na Harvard e fundador de outra seita psicológica--como a Scientologia--só que menos careta e usando como eucaristia o Lyserg Saure Diethylamid descoberto por Hofmann na década anterior, foi preso em contumácia à Primeira Emenda constitucional.


Mania de deportações

John Erlichmann foi Assessor para Assuntos Domésticos do presidente  Nixon, eleito quando os democratas sulistas aderiram ao coletivismo racial de George Wallace. Com esse assessor Nixon fechou a fronteira com o México mediante programa de revistar as pessoas--que não chega aos pés da atual prática invasiva--tudo na teoria pseudo-científica de que folhas de cânhamo seriam uma espécie de avatar do Satanás. A bolsa entrou em queda durante essa investida xenofóbica, que faz parte da mania conservadora que Henry Louis Mencken descreveu como "a preocupante suspeita de que alguém, em algum lugar, porventura esteja feliz."

A revista Harper's, de orientação republicana, é a mais antiga das revistas federalistas dos EUA. Numa entrevista titulada Legalize Tudo Isso, o entrevistador faz perguntas ao ex-presidiário, que respondeu:
Você quer saber do que se tratava tudo isso? A campanha do Nixon em 1968 tinha dois inimigos: a esquerda contra a guerra e os negros, tá me entendendo? Sabíamos que não teria como legislar para proibir ser contra a guerra ou ser preto, tá me acompanhando? Sabíamos que não daria para proibir ser contra a guerra ou ser negro, mas pela associação, na mente do povão, dos hippies com a maconha e dos negros com heroína, e baixando repressão nas duas coisas, teríamos como desarticular essas comunidades. Daria para prender os seus líderes, invadir com batidas as suas casas, dispersar suas reuniões e demonizá-los noite após noite nos noticiários. Sabíamos que estávamos mentindo sobre as drogas? É claro que sabíamos.
O resultado é que hoje 16% dos negros nos EUA são proibidos de votar, e os tribunais fingem que isso não fere a 14ª Emenda, cuja primeira alínea declara:
1. Todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos, e sujeitas a sua jurisdição, são cidadãos dos Estados Unidos e do Estado onde tiver residência.  Nenhum Estado poderá fazer ou executar leis restringindo os privilégios ou as imunidades dos cidadãos dos Estados Unidos; nem poderá privar qualquer pessoa de sua vida, liberdade, ou bens sem processo legal, ou negar a qualquer pessoa sob sua jurisdição a igual proteção das leis.   
A mesma superstição nixoniana, dotada de poderio bélico, pisoteia a 15ª Emenda:
1. O direito de voto dos cidadãos dos Estados Unidos não poderá ser negado ou cerceado pelos Estados Unidos, nem por qualquer Estado, por motivo de raça, cor ou de prévio estado de servidão.  
2. O Congresso terá competência para executar este artigo, com legislação apropriada.  

Quem obteve cidadania americana ou canadense pode votar no partido libertário e obrigar--mesmo sem eleger dos nossos candidates--os dois partidos esclerosados da atual cleptocracia entrincheirada a largar mão da violência dessas leis corruptas e recolocar nos eixos a mais curta constituição que existe no mundo de hoje. Quem tem visto de permanência pode ajudar com uma contribuição aos libertários do seu município, comarca, província, estado, faculdade ou para o Partido Libertário da União. Alavancando os fascínoras uns contra os outros progredimos mudando as leis desde 1972




Para saber como esses votos de sangria mudam as leis e até emendam a Carta Magna do país, leia A Lei Seca e O Crash. Está no Amazon em formato do aplicativo gratuito Kindle pelo preço de uma caneca de cerveja artesanal. Até com celular você dá um jeito.



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