Capítulo
41
Operação
Açúcar de Milho
Em fevereiro de 1929 a coisa esquentou pra valer, e traficantes de
bebida fugiam de Chicago para Miami. O
clima histérico tirou o sossego de pessoas calmas, entre elas o Comissário da
Proibição, Dr. James Doran. Químico
profissional e primeiro encarregado do departamento federal incumbido da
cobrança das leis proibicionistas, Dr. Doran sabia melhor do que ninguém como
operava o tráfico de bebidas.
Era inquietante esta lastimável situação envolvendo a fábrica de açúcar de milho da Hubinger em Keokuk, e aqueles empreendedores italianos endinheirados. Desdobrando como ia, na sombra da Capital do Estado vizinho de Illinois, essa investigação – nas mãos erradas – facilmente se tornaria um vespeiro de repercussões políticas nada airosas. As ações dos bancos de Chicago andavam caindo e até as bolsas nacionais estavam reagindo mal. Ciente das pressões urgindo que o congresso fizesse algo estúpido, Doran abriu às escâncaras um dos segredos mais bem-guardados da profissão: “Noventa e cinco porcento do uísque consumido nos Estados Unidos,” ele contou à imprensa, “é feito de açúcar de milho.” O bom doutor explicou em seguida como os destiladores ilícitos descobriram que o açúcar de milho – além de mais barato do que o açúcar de cana – era bem mais prático, tornando-se e a fonte principal da aguardente artesanal, dominando 95% do mercado.[1]
Era inquietante esta lastimável situação envolvendo a fábrica de açúcar de milho da Hubinger em Keokuk, e aqueles empreendedores italianos endinheirados. Desdobrando como ia, na sombra da Capital do Estado vizinho de Illinois, essa investigação – nas mãos erradas – facilmente se tornaria um vespeiro de repercussões políticas nada airosas. As ações dos bancos de Chicago andavam caindo e até as bolsas nacionais estavam reagindo mal. Ciente das pressões urgindo que o congresso fizesse algo estúpido, Doran abriu às escâncaras um dos segredos mais bem-guardados da profissão: “Noventa e cinco porcento do uísque consumido nos Estados Unidos,” ele contou à imprensa, “é feito de açúcar de milho.” O bom doutor explicou em seguida como os destiladores ilícitos descobriram que o açúcar de milho – além de mais barato do que o açúcar de cana – era bem mais prático, tornando-se e a fonte principal da aguardente artesanal, dominando 95% do mercado.[1]
Foram necessários nada menos que 11 milhões de sacas de
60 kg de milho pra atender a demanda do açúcar de milho, sendo “ponto
pacífico” que o novo mercado de aguardente aumentava o preço deste grão
cereal. Repórteres observavam que o
cinturão cerealista do milho, onde se concentravam os proibicionistas, era
responsável pela aprovação da lei seca e devia boa parte da sua prosperidade ao
desacato generalizado desta mesma lei.
Só que agora que não dava mais para disfarçar, já era tarde.
Frustrados durante anos pela arrogância da malandragem, caluniados como algozes da Santíssima Inquisição pela imprensa liberal, menosprezados e humilhados em romances populares como Elmer Gantry, ridicularizados no “Julgamento do Macaco” e alhures por jornalistas como H.L. Mencken, os fanáticos não iam deixar escapar essa oportunidade de tirar partido do pavoroso massacre de São Valentim.
Frustrados durante anos pela arrogância da malandragem, caluniados como algozes da Santíssima Inquisição pela imprensa liberal, menosprezados e humilhados em romances populares como Elmer Gantry, ridicularizados no “Julgamento do Macaco” e alhures por jornalistas como H.L. Mencken, os fanáticos não iam deixar escapar essa oportunidade de tirar partido do pavoroso massacre de São Valentim.
-->
Nenhum comentário:
Postar um comentário