terça-feira, 4 de julho de 2023

Adam Smith fala do ópio

 

Adam Smith tinha muito a dizer sobre as maquinações do mercantilismo de economia mista (link)
O cartoon acima foi publicado cinco anos depois de o boicote da China às exportações americanas ter levado à aprovação de uma série de leis proibicionistas.

Ocorreu-me, lendo sobre o embaixador americano no Japão nos anos 1930-41 "O Nosso Homem em Tóquio" (Our Man in Tokyo), que ninguém compreende como é que os Crashes resultam das leis que tornam o comércio e a produção ilegais ou coercivos. Isso resulta de uma espécie de Acordo de Cavalheiros, mediante qual os meios de comunicação omitem todas as menções a narcóticos ou estimulantes, ressalvada uma gritaria ocasional como HOMEM ENTRA NUM BAR, TOMA MORFINA E MORRE. (San Francisco Examiner 01maio1893 p.2) Isso ou alguma história da imprensa de Hearst sobre uma rapariga branca que se vicia e depois se torna brinquedo de orientais sinistros para a espoliação e o suicídio da Grande Raça Branca. (link) O que ocorria nas sessões do Comité Consultivo do Ópio de Genebra imediatamente antes do Crash de 1929 e dos Pânicos Bancários dos anos 30 são tão perfeitamente elididos que desaparecem da memória humana de forma orweliana.

Qual foi a última vez que você viu a seguinte citação da Riqueza das Nações de Adam Smith?:

Asseguram-me que não era incomum que o chefe, ou seja, o administrador de uma feitoria, ordenasse a um camponês que arasse um rico campo de dormideiras e semeasse com arroz ou algum outro cereal. O pretexto era evitar a escassez de mantimentos, mas o motivo real era dar ao chefe a oportunidade de vender por um preço melhor uma grande quantidade de ópio que ele tinha em estoque. Em outras ocasiões, a ordem era invertida; um rico campo de arroz ou outro cereal foi arado para dar lugar a uma plantação de papoulas, isso quando o chefe previa que o ópio geraria lucro extraordinário. Os funcionários da empresa tentaram, em várias ocasiões, estabelecer em seu próprio favor o monopólio de alguns dos ramos mais importantes, não só do comércio exterior, mas também do interno do país. Se tivessem sido autorizados a continuar, é impossível que não tivessem, hora ou outra, tentado restringir a produção dos artigos específicos dos quais haviam usurpado o monopólio, não apenas à quantidade que eles mesmos conseguiam comprar, mas à quantidade que poderiam esperar vender com lucro que considerassem suficiente. (Vide à pág 626 da edição Edipro de língua brasileira, ou no inglês com erros AQUI)

A Companhia das Índias Orientais, como a atual DEA americana, era um monopólio armado, só que foi expulsa da China em 1836. O capital inglês foi retirado dos EUA para financiar os ataques britânicos à China, com o objetivo de reverter o proibicionismo dos celestes. Os agentes britânicos insistiram mais tarde que seria justo e moralmente consistente decapitar nativos por plantarem dormideiras nos quintais (erro cruel que manteve a demanda pela droga importada). Este episódio angustiante, acrescido das perdas infligidas aos comerciantes de droga americanos (cujos nomes dão um jeito de evadir os registros), foi o principal fator a causar, a partir de março de 1836, a maior parte do Pânico de 1837. A Circular do presidente Jackson de julho de 1836, cobrando pagamento em ouro/prata por terras dos índios do governo provavelmente reduziu os prejuízos americanos do Crash de 1837, isso no meio de problemas econômicos no estrangeiro que não guerreava para conquistar grandes pedaços do México. (link).

OBS: Escrevi semelhante teor em inglês (link) e cá está traduzido com a versão gratuita do tradutor - www.DeepL.com/Translator e emendado por mim. Só agora esses tradutores automáticos poupam bastante o trabalho de traduzir.

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Boa leitura: The Scramble for China, de Robert Bickers. (link) Os Diabos Estrangeiros, nossos antepassados, começaram a transportar ópio indiano para a China em 1808, quando a droga era um luxo da elite. Tal como outros luxos de então e de hoje, a reação exagerada, a inveja, a superstição e a maledicência transformaram-na numa crise desproporcionada. O inglês é impecável, o estilo sutil, económico e impressionante. No entanto, o autor omite o que para os americanos é uma sequência fundamental de acontecimentos que conduziram à Circular da Espécie, à briga quanto aos bancos centrais e ao pânico de 1837. Em março de 1836, os Foreign Devils ingleses sabiam que não eram bem-vindos e, em dezembro, foram convidados a sair da China. Também não se acha em nenhuma parte da literatura um relato da forma como o desagrado do Imperador afetou os comerciantes de ópio americanos e, através deles, teria agravado o efeito da retirada de capitais britânicos para armar frotas para as Guerras do Ópio. No entanto, o livro vale a pena e inclui uma história encantadora dos primórdios de Cingapura. É uma lástima não exister versão brasileira. 

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 Quer saber a causa do Crash de 1929 e da Depressão da década de 30? Leia.

ALeiSeca0619

Para melhorar o seu inglês, nada como a minha polêmica tradução de Monteiro Lobato: America's Black President 2228. Na Amazon (link)

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