sexta-feira, 25 de novembro de 2016

BLACK FRIDAY, 1869

Outro capítulo do livro O Proibicionismo e a Crise de 1929, por J Henry Phillips...
A primeira Black Friday resultou de uma rixa pré-democrática entre ingleses e franceses em 6 de dezembro de 1745 sobre questões de sucessão. O codinome foi ressuscitado em 1869, depois de o Congresso prometer recomprar em moeda tinante a moeda papel de circulação forçada que emitira durante a Guerra da Secessão. Essa promessa de políticos resultou em muita especulação na bolsa de commodities na época em que os EUA multavam a Inglaterra por ter vendido os confederados navios corsários naquela mesma guerra, e tamanha foi a confusão que o imposto de renda lançado na guerra foi revogado antecipadamente. O novo presidente na época era o ex-General Ulysses S. Grant, eleito após o impeachment do presidente Johnson, o vice que assumiu após o assassinato de Lincoln. Outra sexta-feira ia ganhar a mesma fama durante o governo de Herbert Hoover, o protestante que em 1929-32 tentou cobrar o cumprimento integral da lei seca americana. Esse trecho descreve eventos que ocorreram em 1929.


Capítulo 49
Relembrando a Confederação Conquistada
            Hoover instruiu o Congresso quanto à Lei de Marketing Agrícola que ele queria, juntamente com certos ajustes nas sobretaxas alfandegárias “para cumprir duas promessas feitas nas últimas eleições”.[1]  Tratou disso entre suas reuniões com a procuradora federal Mabel Willebrandt e senador Wesley Jones – os terrores gêmeos dos empreendedores embriagantes – e seus preparativos para a entrevista coletiva de 22 de abril.  Hoover falou de sacrifício aos repórteres, explicando de forma didática que em parte era por culpa dos “oficiais ineficientes e omissos” e das “vastas somas” despejadas nas mãos das classes criminosas que “do total de condenações por delitos no ano passado, menos de 8%” foram por causa de infrações da lei seca.  Isso surpreendeu os repórteres, que imaginavam que essas estatísticas teriam algo a ver com a ausência, em 1928, da Lei de Jones transformando contravenções sem vítimas em delitos graves.  O presidente não disse uma palavra sequer sobre os 148 cidadãos condenados em Cincinnati a penas de dois anos de reclusão, em média, por infrações “molhadas”.[2]  Os repórteres ouviram com atenção a explicação do presidente – elucidando até para aqueles que padeciam de dúvidas acerca da lei seca complementar de Volstead, tal como emendada pela Lei de Jones – que “a sua cobrança rígida é a melhor garantia da sua revogação”. 
            Foi aterrorizante o efeito dessas palavras de Hoover sobre corações empedernidos por longos anos de participação no tráfico de droga e bebida, sobretudo os sulistas.  A expressão fora cunhada em 1869, quando da posse do Presidente Ulysses S. Grant, que no seu discurso garantiu que “As leis são para governar a todos de forma igual – os contrários bem como aqueles que as apoiam.  Não conheço nenhum método tão eficaz, para assegurar a revogação das leis ruins ou nocivas, quanto a sua execução ríspida”.  Seis meses depois, o Partido da Proibição foi organizado, e no mesmo mês da sua formação ocorreu a “Sexta-feira Negra” – o crash da bolsa de valores de 24 de setembro de 1869.  No encalço disso foram aprovados as chamadas “leis de coação” autorizando intervenção militar para suprimir as guerrilhas do Ku Klux Klã que resistiam à aplicação da Décima-Terceira Emenda e outros regulamentos.[3]  O ressentimento dos sulistas persistia em 1929 e os eventos da ocupação militar estavam nitidamente registrados e revistos diariamente nos livros de história utilizados nas escolas do país. 
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[1]  (Hoover 1929 1974  75, 77)
[2]  (NY World Almanac 1930  105)
[3]  (Wilson 1901/1918  242-3, 65)

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