segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Lysander Spooner, fascículo 3

PADROEIRO DO CORREIO BARATO--O empreendedorismo de Lysander Spooner, o Rowland Hill da América--Morreu em Boston o outro dia o homem que mais fez jus à honra do título de padroeiro do correio barato nos EUA. Foi o veterano Lysander Spooner, que faleceu em casa aos 70 anos. Em 1844 quando enviar uma simples carta qualquer distância era um tributo oneroso, o sr Spooner organizou empresa que de imediato deu resultados duradouros. Acreditava que tirando o monopólio de cartel sobre os correios, a entrega de cartas poderia ser mais barata e ainda render lucro. Como prova, e para testar o poder do cartel, estabeleceu um correio particular de Boston para Nova York, ampliando em seguida para Filadélfia e Baltimore, portando cartas à táxa única de cinco centavos...(link
 

Spooner examina por quais atos o cidadão poderia consentir com a autoridade do governo americano no tempo da Guerra da Secessão, da alta nas sobretaxas alfandegárias, e da primeira aplicação do imposto de renda publicado no Manifesto Comunista de 1848, item 2. 

II

          Consideremos separadamente então estas duas questões, a da votação e a do pagamento dos impostos.

Toda a votação que já se fez sob a Constituição vem sendo da sorte que, além de não comprometer o povo como um todo a apoiar a Constituição, nem mesmo obrigou a pessoa alguma que o fizesse, como demonstram as seguintes considerações.

  1. Pela natureza das coisas, o ato de votar não teria como constranger a ninguém à exceção dos próprios eleitores. Mas em vista dos requerimentos fundiários para tal habilitação,[1] é provável que ao longo dos primeiros vinte ou trinta anos da Constituição, não mais de uma décima, décima-quinta ou talvez vigésima parte da população total (branca e negra, homens, mulheres e crianças) fosse permitida a exercer o voto. Por conseguinte, no que toca à votação, não mais de uma décima, décima-quinta ou talvez vigésima parte da população total existente à época teria como incorrer em obrigação alguma de apoiar a Constituição.2
  2. Hoje,3 é provável que a não mais que uma sexta parte da população seja permitido o sufrágio. Consequentemente, no que toca à votação, os outros oitenta e três porcento não teriam como incorrer na obrigação de apoiar a Constituição.

Da sexta parte permitida a votar, uns dois terços no máximo (quiçá onze porcento da população) têm, de praxe, exercido o voto. Muitos nunca votaram. Outros tantos votam uma vez a cada dois, três, cinco ou dez anos, em épocas de grande fervilhamento.

Não se pode dizer que pessoa alguma, ao votar, se compromete por prazo superior ao mandato pelo qual crava. Se eu, por exemplo, votar por um oficial cujo mandato seria de um ano, não há como dizer que eu tenha com isso me comprometido a apoiar o governo além deste prazo. Com base portanto, na votação, não haveria como se afirmar que mais de uma nona ou oitava parte da população total teria, de praxe, compromisso algum de apoiar a Constituição.4

  1. Não se pode dizer que, ao votar, a pessoa se compromete a apoiar a Constituição a menos que o ato de votar seja perfeitamente voluntário de sua parte. Mas não se pode chamar de voluntária a votação da parte de grande proporção dos que o exercem. É mais a medida da necessidade que outros lhe impõem. Neste tópico repito o que foi dito em um número anterior, viz.:

“De fato, no caso do indivíduo, a sua votação não se interpretaria como prova de consentimento, mesmo que provisório. Muito pelo contrário. Seria de se considerar que, sem ser consultado, o indivíduo se vê cerceado por um governo ao qual não tem como resistir; um governo que o força a pagar dinheiro, prestar serviço, e desistir do exercício de muitos dos seus direitos naturais, sob pena de oprimentes punições. Percebe também que outros exercem sobre ele esta tirania mediante o voto. Enxerga ainda que, se lançar mão ele mesmo do voto, terá alguma chance de se livrar desta tirania alheia, sujeitando os demais à dele. Resumindo, se acha, a contragosto, em situação tal que valendo-se do voto, tornar-se-ia feitor; não o fazendo, vira escravo. E das duas, uma, pois alternativas não há. Em defesa própria, aposta na primeira. Seu caso é análogo ao do cidadão alistado à batalha, onde ou se mata ou é morto. Isso porque quando, para se salvar na batalha, o homem peleja para liquidar aos adversários, não se pode concluir que a batalha seja de sua escolha. Tampouco no pleito com a cédula—mero substituto pela bala—pois, se quando da única opção para se preservar, o indivíduo cravasse a cédula, significaria que o pleito fosse algo do qual participasse por voluntariedade, que espontaneamente arriscasse pôr em jogo todos os seus direitos naturais, contra os direitos alheios, para perder ou ganhá-los por pura força de números. Pelo contrário, seria de se supor que, no aperto ao qual fora coagido por terceiros, inexistindo outra possibilidade de autodefesa, haveria, por necessidade, de se valer da única possibilidade restante

“Mesmo o mais miserável dos homens, no jugo do mais opressivo governo do mundo, usaria, se permitido, do voto se enxergasse naquilo alguma chance de assim melhorar a sua situação. Mas não seria legítima a ilação de que esse governo que o esmaga seria um que ergueria por arbítrio próprio ou do qual consentisse.

(Continua…)

[1]  Na época, as mulheres e indigentes não podiam votar, e hoje nenhum americano é obrigado a dar o voto.

2   Em 1824, votaram 350.000 de uma população de 11.000.000

3   14% da população votou em 1868

4   Verdadeiro à época, mas o sufrágio feminino dobrou o número.

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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Lysander Spooner, fascículo 2

Dizem que o direito de as pessoas entregarem cartas nas rotas dos correios será decidida em juízo. O New York Express diz que o sr Spooner, chefe da American Letter Mail Company, transmitiu ao Departamento em Washington, declaração expressa do seu porte de cartas, etc., com os fatos relevantes, para que a questão seja puramente jurídica, de modo que ao administrador dos Correios nada resta senão levar a causa até o Supremo tão logo possível.(link)

 Continuando com a análise da Constituição da União americana pelo advogado anti-escravagista em plena ocupação militar dos Estados que tentaram restaurar a antiga Confederação após a alta nas sobretaxas alfandegárias votada 4 meses antes da posse de Lincoln.

…        E assim foi com os que adotaram, inicialmente, a Constituição. Qualquer que possa ter sido o seu intuito pessoal, o significado jurídico de seu texto, no que toca à sua “posteridade”, foi simplesmente que a sua esperança, as suas motivações ao convencioná-lo, foram de que este acordo se provaria útil e aceitável a eles e à sua posteridade; de que serviria para promover-lhes a união, segurança, tranquilidade e bem-estar; e que talvez tendesse a “garantir a eles os benefícios da liberdade.” O que consta ali não assevera e tampouco implica direito, poder ou disposição alguma por parte dos participantes originais do acordo, de compelir que a sua “posteridade” se sujeitasse a ele. Fosse essa a sua intenção, a de forçá-los a viver sujeitados, teriam dito que seu objeto seria não o de “garantir a eles os benefícios da liberdade”, mas sim fazer deles escravos; pois, fosse a sua “posteridade” forçosamente obrigada a viver sob aquilo, nada mais seria que a escravaria de avôs tolos, tiranos e defuntos.

Não há como dizer que a Constituição fez do “povo dos Estados Unidos,” uma pessoa jurídica permanente. Não fala do “povo” como corporação, e sim como indivíduos. A pessoa jurídica não se descreve como “nós”, como “povo” ou como “nós mesmos”. Tampouco vem ser a pessoa jurídica dotada, em termos jurídicos, de “posteridade”. Supõe que tenha, e refere a si como se tivesse, existência perpétua, como individualidade única.

Além do mais, não é lícito uma corporação de homens de qualquer que seja a época, constituir uma pessoa jurídica perpétua. A pessoa jurídica passa a ter perpetuidade na prática apenas pela adesão voluntária de novos integrantes em substituição dos antigos que morrem. Sem esta adesão voluntária de novos membros, a pessoa jurídica se acabaria com a morte de seus constituintes originais.

Do ponto de vista jurídico então, não há na Constituição vírgula sequer que professe ou vise constranger a “posteridade” daqueles que o estabeleceram.

Se os autores da Constituição não tinham procuração para obrigar, e tampouco fizeram menção de sujeitar a sua posteridade, cabe indagar se a posteridade teria se sujeitada, coisa que só poderiam ter feito de uma ou da outra maneira, senão pelas duas, ou seja, pela votação e pelo pagamento dos impostos.

***

(Continua no 3º…)

Obs: Nos argumentos do Jackson, em cuja presidência a Carolina do Sul legislou proibindo a cobrança federal de tarifas alfandegárias nos portos, ele interpretou "a fim de formar uma União mais perfeita" como significando mais coesiva, indivisível, não sujeita às interferências de facções ou regiões que existiam sob os Artigos da Confederação. A Constituição, afinal,  formou a União alfandegária cujos proventos (junto com a venda de terras indígenas conquistadas) custeavam o Estado político. Uma cláusula impediu que os Estados impusessem sobretaxas fratricidas. A proclamação de Jackson eliminou a alternativa legislativa, restando apenas o apelo à secessão para os latifundiários dos Estados mais coloniais se livrarem de sobretaxas alfandegárias protecionistas naquele sistema neo-mercantilista dali a 29 anos. 

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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Lysander Spooner, fascículo 1

 


Anarquista ou libertário? Os jogadores de poker blefam; vendedores de cavalos, chargistas e atletas de posições políticas exageram e satirizam. É bom não perder isso de vista ao analizar o criador dos correios particulares dos EUA. 

Para neutralizar um intelectual, nada melhor do que taxá-lo de anarquista, que entre 1848 e 1918 era entendido nos jornais como sinônimo de republicano jacobino, de comunista. Spooner era advogado anti-escravagista antes da chamada “guerra da secessão” provocada pelo aumento brusco das sobretaxas alfandegárias. Spooner criticava o regime de coação que o novo partido republicano impôs sobre a União.  Examinando os pensamentos deste autor podemos tirar conclusões sobre o teor da sua mensagem.  Como a obra é grande e o contexto nem tão familiar, faremos em fascículos a nossa análise.

Sem Traição

A Constituição Despida de Autoridade

Lysander Spooner, 1869

Tradução (CC) 2015, por J Henry Phillips.com

Não há, inerente na Constituição, autoridade ou obrigatoriedade alguma. Ela carece por inteiro de toda e qualquer autoridade ou obrigatoriedade, a não ser como contrato feito entre homem e homem. E de forma alguma se representa como contrato entre pessoas hoje existentes. Quando muito, pretende nada mais ser que um contrato entre pessoas físicas existentes oitenta anos atrás.1 Poderia se supor que, na época, fosse contrato entre pessoas já maiores de idade, e como tais, dotadas da competência de celebrar contratos razoáveis e obrigatórios. Sabemos também, pela história, que fora consultada, ou indagada, ou permitida expressar de maneira formal seu consentimento ou divergência, apenas uma pequena proporção do povo existente na época. Aqueles que consentiram formalmente, havendo algum, hoje estão todos finados. A maior parte já há quarenta, cinquenta, sessenta ou setenta anos. E a Constituição, enquanto contrato destes, expirou com eles. Jamais dispuseram do poder ou direito de torná-lo vinculante sobre seus filhos. Além de ser evidentemente impossível, pelos fatos da natureza, que pudessem realizar tal sujeição, de fato nem sequer houve tentativa de sujeitá-los. Vale dizer, o instrumento não pretende ser convenção que envolvesse pessoa a não ser “o povo” existente na época; e nem tampouco se deram ao trabalho de tentar sujeitá‑los, ou seja, o instrumento não representa ser um acordo entre pessoa alguma a não ser as pessoas então existentes; e nem tampouco, implícita ou explicitamente faz valer qualquer direito, poder ou disposição por sua parte de sujeitar ninguém a não ser eles mesmos. Vejamos então. Reza o texto:

Nós, o Povo dos Estados Unidos (isto é, o povo existente na época nos Estados Unidos), a fim de formar uma União mais perfeita, estabelecer a Justiça, assegurar a tranquilidade interna, prover a defesa comum, promover o bem-estar geral, e garantir para nós e para os nossos descendentes os benefícios da Liberdade, promulgamos e estabelecemos esta Constituição para os Estados Unidos da América.

Salta aos olhos logo de saída que este texto, enquanto convenção, não representa ser mais do que realmente fora, viz., um contrato entre as pessoas então existentes; e por conseguinte válido, como contrato, somente para aqueles que existiam à época. Em segundo lugar, o texto não declara e nem dá a entender que eles tinham desejo ou intenção, ou que se imaginassem dotados do direito ou poder de obrigar sua “posteridade” a se sujeitar a tal. Tampouco reza que sua “posteridade” irá, deve, ou há de se sujeitar a tal. Diz apenas, na verdade, que a sua esperança e motivação ao adotá-la fora de que pudesse prestar alguma utilidade à sua posteridade, assim como para eles mesmos, por promover a sua união, segurança, tranquilidade, liberdade, etc.

Suponhamos que fosse celebrada uma convenção com a seguinte forma:

Nós, o povo de Boston, concordamos em manter um fortim na ilha do Governador, para nos defendermos, e à nossa posteridade, contra as invasões.

É claro que tal acordo, enquanto acordo, obrigaria a ninguém a não ser às pessoas existentes à época. Ademais, criaria direito, poder ou disposição alguma, de sua parte, de compelir que sua “posteridade” mantivesse o dito fortim. Serviria apenas para indicar que fora o suposto bem de sua posteridade um dos motivos que induziram as partes originais a firmarem o acordo.

Quando um homem se diz estar construindo uma casa para si e sua posteridade, não quer indicar com isso que cogita coagir a eles. Nem é válida tampouco a ilação de que seja parvo a ponto de se imaginar dotado de direito, ou poder que seja, para constrangê-los a residir lá. No que concerne a eles, ele nada mais quer dar a entender do que, de fato, sua esperança, suas motivações ao construí-la, fossem que eles, ou pelo menos alguns deles, achassem condizente com a sua felicidade morar lá.

Pois quando um homem diz que está plantando uma árvore para si e sua posteridade, não quer indicar com isso que cogita obrigá-los. Nem é válida tampouco a inferência de que seja simplório a ponto de se imaginar detentor de direito, ou poder que seja, para obrigá-los a comer da fruta. No que concerne a eles, ele nada mais quer dar a entender do que, de fato, sua esperança, suas motivações ao plantar a árvore, fossem que a fruta do pé lhes agradaria. (Continua-se…)

1   Escrito em 1869 Cf “Fourscore and seven years ago…” do discurso de Gettysburg.

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domingo, 27 de dezembro de 2020

Republicanos lambe-botas

Não foi esse que disse que McGovern não devia 
implorar de rastros ao inimigo?

Segundo o porta-latidos republicano Tucker, da Faux News, Joe Biden -- o extraordinário ex-fanático proibicionista que ajudou Ron e Nancy Reagan, Bush e Bush Filhote a ordenar que os jovens "apenas digam não" prendendo ou baleando tantos quanto ousassem dizer "sim" às plantas lúdicas -- não é mais o garoto-propaganda na segunda infância dos valores nacional-socialistas.(link) Biden e seu filho jesuíta sonegador estão sofrendo hostilidade republicana por ganhar votos femininos suficientes para derrotar o poderoso chefão republicano Donald Trump.

Isso foi em grande parte graças aos elogios de Lindsey Graham "Cracker" à juíza Amy Coney em meados de outubro.(link) A crença desse queimador de cruzes de que a juíza merecia a medalha Mutterehrenkreuz por ameaçar moças e coagir médicos na guerra santa contra o suposto "suicídio racial" dos pesadelos eugenicistas parece ter despertado uma reação entre as eleitoras menos esclerosadas, portadoras de votos de verdade desde a 19ª Emenda.(link)

Leia o programa eugenista deste partido (link)

Nixon a rastejar perante ditadores comunistas e fascistas era tido como diplomacia magistral. Afinal, republicanos, fascistas e comunistas andam fervorosamente comprometidos com a nacionalização de ativos e pena de morte por causa de folhas, sementes, caules e raízes de plantas. Se outros partidos ousarem a rastejar a salamaleques nesse mesmo tapete das ditaduras exportadoras de pandemias, isso sim, seria anti-americano.

Igualmente anti-americano foi o vexame do executivo da Disney, Bob Iger, que se recusou a rastejar perante os republicanos da Geórgia e não elogiou as suas leis de saúde "separadas, mas iguais".(link) As mulheres em Geórgia que sofrem a extorsão de impostos complicada por gravidez indesejada podem ir para o Inferno, Canadá, Inglaterra, Califórnia ou Irlanda. Essas sulistas, no entanto, têm igual direito de subsidiar com impostos e até mesmo se submeter a circuncisões ou cirurgia testicular ou de próstata subsidiadas nos hospitais controlados pelo governo daquele Estado. 

Realmente é difícil entender como o partido de Trump conseguiu cuspir na cara de todas as eleitoras pensantes e ainda assim perder a eleição. Os democratas, é claro, tiveram a mesma oportunidade. Optaram na sua plataforma por defender os direitos individuais das mulheres e ainda adotaram a política libertária de não encarcerar,* as pessoas por causa de folhas de plantas. Esse truque de copiar propostas do partido Libertário e arrematar a vitória eleitoral realmente foi para os democratas a salvação da lavoura.

* Assaltar e matar ainda estão liberados, desde que por policiais blindados.

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quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Gilbert Shelton, legendado



A minha geração contou com esse irmão mais velho, cartunista, formado pela Universidade do Texas em Austin, divertido e sabedor de como funcionam a economia e o sistema de leis. É o criador dos Freak Brothers.

Agora começaram a aparecer cartuns dos seus personagens.(link)  

Uma das observações mais sábias desse instrutor é como na Europa os sinaleiros de trânsito ficam atrás do carro que está parado na encruzilhada, como no Brasil. Nos EUA e na Rússia qualquer um vê, olhando pra frente, se o sinal abriu ou não. Mas ele explica que lá na França o povo espera as buzinadas dos impacientes lá atrás, que conseguem enxergar o sinaleiro, pra saber que o sinal abriu. Surdo não consegue tirar carteira de motorista.

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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Boné KAG não ajudou

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Em 1928 o partido democrata tinha cansado da lei seca, mesmo assim o seu programa político apoiava o sistema de repressão, confiscos e propina.  Tudo o que é proibido aumenta o preço uns 400% em média. Esses 300% a mais pagam propina, fiança, advogados, contadores, lobistas, meganhas, seguranças e campanhas eleitorais. Monteiro Lobato observou isso no caso do livro Ulysses, do irlandês James Joyce. Ninguém queria comprar esse livro indecifrável. Mas foi só a censura proibir que formaram filas para pagar ágio pelo livro proibido. O Presidente Negro teve o azar de receber Imprimatur e Nihil Obstat da censura americana e ninguém quis publicar a tradução do livro. 

Mas no caso do Manly Sullivan, advogado, muambeiro e vendedor de carro usado em Charleston, Carolina do Sul, a receita federal entrou na jogada querendo que ele declarasse a renda ilegal da venda de bebida. Foi julgado e condenado, mas recorreu e teve ganho de causa no tribunal superior regional. O Charleston virou febre na pista de dança para nenhum Lindy Hop, Jitterbug, Fox ou Lambada botar defeito. Só que o Supremo foi acionado em terceira instância e os sábios esclerosados derrubaram a Carta de Direitos para atender o Birô da Receita Interna conforme os argumentos da Portia da Lei Seca, a procuradora federal Mabel Willebrandt.(link

Acabou a festa. Ricos especuladores nos produtos da Fleischmann, Corn Products, American Maize e outras fabricantes de glucose de milho e fermento foram batidos pelos fiscais e agentes, seus lucros nacionalizados pra deixar até soviético babando. Os democratas mantiveram "apoio" pela Lei Seca mas escolheram Al Smith, o ex-governador malandrão que derrubara a lei seca estadual de Nova York, como candidato. Quando Al Smith perdeu, um político texano confessou em entrevista que o sotaque iânque talvez desse para encarar, mas que o chapéu derby do Al Smith "não ajudou".

O próprio Redneck with Green Teeth
do Charlie Daniels band (link)

A mania republicana de achar que governo e Vaticano são os donos da barriga e nariz das moças transformou em circo a colocação de uma doutrinada religiosa no Supremo. Os fanáticos nem disfarçaram que era pra ela ajudar os machos a forçar as moças a reproduzir em regime forçado. Isso fere a 13ª Emenda (trabalho forçado e escravidão), a 14ª (indivíduo, só depois de nascer), e a 9ª da Carta de Direitos (isonomia de direitos nos Estados). 

A mulherada reagiu quando Linseed Graham Cracker do Senado deu a entender que a juíza nomeada, Amy Coney, seria mandatária da eugenia do coletivismo racial sulista da Carolina do Sul em meados de Outubro.  Os Republicanos ameaçadores dos direitos das mulheres, inclusive o Trump, foram derrubados em enorme exercício do voto--que lá é opcional. Só vota quem quer, e desta vez as moças votaram com sofreguidão. 

Mas na condição de descendente do Texas, eu mantenho a severa suspeita de que mesmo tolerando o sotaque nova-iorquino e os bonés MAGA, aquele boné KAG não ajudou.

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domingo, 20 de dezembro de 2020

Ato de contrição

Desculpe *snif* mas não sei legendar isso em português

JP Sears é humorista de Austin, Texas, cidadezinha dominada pelo capitólio dos políticos bandidos e pela enorme Universidade do Texas. O nosso senso de humor padrão é algo na casa de ironia ao quadrado.  Hoje o assunto é o Big Brother do altruísmo totalitário no Céu e acima de todos.

Já tentei legendar vídeos sem successo. Se alguém sabe de alguma ferramenta que não do Youtube, agora é hora de recomendar. 

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Hino Nacional Libertário

 


O algo a mais de divertido nisso é que a partitura é a do hino nacional da Rússia.(link) Ali eles sentiram na carne o comunismo, e tão logo legalizadas eleições com candidatos libertários, fizeram do ditador comunista uma espécie de Tsar vitalício. Era isso ou encarar a liberdade precoce. Veja como competia o voto comunista:  



Aux armes libertários
Não totalitários
Nosso guia é a poderosa Mão Invisível.
Rejeitem controladores de estado
Cobradores, patrulheiros
Nossas escolhas são melhores do que os planos do governo.

A tributação é uma forma de assalto.
Mercados e comércio livre são bons.
Liberdade de expressão, de movimento, mentes e escolhas livres
Nossas ações são todas voluntárias
Não coagidas ou totalitárias.
Às guerras abominamos
O socialismo não funciona.

Sem dívida sem inflação
Sem confisco armado.
Sem porcos no cocho nosso molho a beber.
Sem educação estadual
Sem lavagem cerebral na cabeça na nação.
Nem especialista a obrigar-nos a duplipensar.

Desprezamos sua moeda fiduciária!
Ouro e bitcoin são nosso dinheiro.
Somos donos dos narizes, vivemos e deixamos viver.
Assumimos responsabilidade.
Vida, amor e liberdade.
Nos deixar em paz.
É deixar que
 milhares de flores desabrochem. (Link ao inglês)

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domingo, 13 de dezembro de 2020

Crise dos confiscos repressionistas 1987-92

Milton Friedman quase entendeu a crise de 1929 (link)

Pouco antes de fechar o paletó, Milton Friedman criticou a política repressionista do burocrata tzarista da repressão em carta no Wall Street Journal. É claro que o nazifascismo não aceita crítica pra deixar por isso mesmo. Mas o próprio Friedman aceita como fato muita superstição acerca de "droga" que enfraquece o seu argumento. Exatamente por isso mesmo o assunto chega a ser um bom teste dos seus princípios éticos. Pena que seu discernimento econômico não estava à altura. 

Friedman se declarou contrário a "mais polícia, mais cadeias, atividades militares em países estrangeiros e penas ríspidas..." Mesmo sem examinar de perto a minha tese, de que a cobrança da lei seca foi a causa fundamental da crise econômica de 1929 a 33, e da crise anterior de 1920 a 23, recomendou que eu comparasse com as demais "explicações" que circulam na literatura. O trabalho de Friedman passa em branco sobre a questão do dinheiro investido no mercado de cerveja, bebida e droga proibidas por pastores e políticos. O meganha tzarista Bennett respondeu que fora contratado pra trabalhar com tiroteios, confiscos e prisão. 

Mas acontece que nem Friedman, nem Temin, nem Greenspan--que dirá Bernanke ou os recentes tzars da repressão por meganhas--leva em conta o vínculo elementar entre intervenção branca que baixa confiscos no sistema bancário e de corretagens e súbitas contrações na moeda resultantes de saques pelos investidores que perceberam a atividade saqueadora. 

Os republicanos no poder fizeram do monopólio dos correios uma Santíssima Inquisição de interceptação e queima de bens alheios. A isso juntaram penas de prisão e trabalho forçado acorrentado e multa no valor de 6,1 quilos de ouro maciço (hoje 1,9 milhões de reais).  Isso ocorreu em março de 1873, e ao passo que os efeitos foram percebidos, a bolsa ruiu e a economia entrou em crise grave. 

Queima de livros nos EUA, 1873


Em 1906 o governo republicano aprovou uma lei para bisbilhotar nos alimentos e drogas. Passou a valer em 1907 e, volta-e-meia, houve crash na bolsa, crise no sistema bancário e recessão econômica. O mesmo ocorreu em 1920, 1929, 1971, 1987-1992 e agora em 2008. Sempre republicanos, sempre baixando confiscos proibicionistas que provocam fuga de liquidez nos bancos e arrocho na moeda. E sempre essas leis são lastreadas em superstição, mentiras, pseudociência e fake news. 

Será que já não é hora de desconfiar dessa cadeia de eventos? 

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Para melhorar o seu inglês, nada como a minha polêmica tradução de Monteiro Lobato: America's Black President 2228. Na Amazon (link)

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