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quarta-feira, 3 de julho de 2019

Brasileiros pedindo asilo



Hoje a notícia do dia vem da mídia careta e entrincheirada dentro do próprio Brasil. Na Folha de Sampa dizem que o número de brasileiros a pedir asilo aumentou, mas que comparado com as repúblicas populares controladas pelas Juntas militares, alas obscurantistas e saqueadoras que dominam o continente, menor número retirantes econômicos travestidos de refugiados políticos foge do Brasil para tentar galgar o muro trumpista. Esse número caiu em 80% comparado com 2005, quando o governo Bush exportava leis violentas para toda a América do Sul.

Ponha-se no lugar do juiz de imigração dos EUA. Qualquer deslize em processo pode resultar em "remand", onde alçada superior devolve a sentença para o juiz reformar, corrigido, e coloca marcas negras punitivas na sua ficha. É absolutamente possível (embora pouco provável) um juiz ser preso por pronunciar sentenças "erradas". Esse é o lada da medalha que assina os cheques dos salários dos egrégios juízes
Existe um ditado nos EUA: 


"Quem paga o flautista dá o tom."

O outro lado tipicamente é um(a) retirante de poucas letras que dançou na mão dos meganhas e agora vai experimentar de tudo para não perder a viagem. Cada juiz já viu milhares de manés esmolambados jurando de cara limpa, pés juntos e mãe mortinha que os cabos "Juca" e "Pedro" da PM o espancaram, assaltaram, e cobraram propina sob ameaça de morte, sem BO, fotos, recorte do jornal ou laudo médico--que dirá testemunhas oculares. Na outra versão é o ex-marido policial violento, bêbado e ciumento que espanca e estupra a coitadinha que, pra se salvar, atravessou o Rio Grande, a nado ou com as calças pescando siri. 

O juiz é obrigado a perguntar se não daria para se mudar da sua vila nas margens to Iapoque  para uma cidadezinha mais pacata nas margens do Chuí, tchê. A resposta, mais decorada e surrada do que qualquer oração, é que a malha dos tiras corruptos, assassinos e analfabetos é perfeita na sua capacidade de instantaneamente massacrar, no outro extremo do Brasil, o peão que atrasou com a propina, ou a moça que fugiu das garras de um deles. 

A grande surpresa é que os gringos da fronteira americana--com muros, raios laser, detectores eletrônicos e infra-vermelhos, rádios, satélites, lunetas, drones, malhas de computadores, vigilantes ex-expedicionários trabalhando de graça nos finais-se-semana, jipes e caveirões entupidos de meganhas letrados com sindicato de classe, lobistas e advogados de plantão--conseguem pular da moita e agarrar um trouxa despreparado. Nenhum juiz da migra acredita naquelas lorotas mal-contadas, e conta com o ceticismo da procuradoria para apontar os erros e desencontros na narração e mandar o coitado embora--ou condená-lo a pena de reclusão se já foi deportado antes e voltou de penetra.

Bem estranho é que em mais de duas décadas lidando com essas estórias, só me recordo de uma ou duas pessoas terem entrado pelo estado vizinho de New Mexico. Mas recordo com bastante clareza de vários casos de covas improvisadas repletas de cadáveres e esqueletos a pouca distância daquela fronteira e da com o Texas e ainda perto da Califórnia.  Os proibicionismos obscurantista e socialista dos dois lados da fronteira provocam essa miséria. Mas os residentes locais estão aprendendo. 

New Mexico lidera os estados americanos em proporção de eleitores abandonando a cleptocracia e votando pelo partido Libertário. Cada voto alavancado desses é eficaz contra a formação de cartéis, ditaduras violentas, impostos, corrupção e superstição coercitiva, e a favor dos direitos individuais e da liberdade da pessoa humana. Pouco importa se o nosso candidato não ganha o cargo. O que importa é que a nossa concorrência obriga os partidos cleptocratas a revogar suas leis mais nocivas, de forma que os nossos eleitores sempre ganham

Quer saber mais sobre como essa mania de lei seca, imposto, multa e proibicionismo derruba a economia? Leia A Lei Seca e O Crash, no celular, com aplicativo Kindle da Amazon.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Unidades para expatriotas



George Orwell contrastava a maneira inglesa de medir com o que se utilizava de dimensões na Europa. No começo do romance cujo título inicial foi "O último homem da Europa", Orwell abre "1984" provocando dissonância cognitiva nos leitores ingleses. 


Era um dia frio e ensolarado de abril, e os relógios batiam treze horas.

Noutra cena, O velho proletário num boteco da vizinhança reclama do tamanho da caneca métrica de cerveja--isso na tradução exemplar de Wilson Velloso: 

--Meio litro não chega. Não satisfais.

A diferença entre quartas de galão (ou 2 pintas inglesas ou americanas) e litros dá meros 3% a 5%, quantia tão pífia que--para efeitos de interpretação--dá para ignorar. No romance de Orwell, o ancião londrino se sentia desfalcado em 60 mililitros, ou dois goles de cerveja, por caneca. 

A proporção entre milhas e quilômetros é tão próxima à proporção de Fibonacci que o intérprete pode considerá-la como isso mesmo e se valer das sua peculiaridades aritméticas correspondentes. Para decorar, à raiz quadrada de 5 você soma um e divide o resultado por dois. Isso dá aproximadamente 1,62. O inverso disso é o mesmo número menos 1. Assim uma milha é 1,62 km e um quilômetro dá 0,62 milhas. Mamão com açúcar.

Metros quadrados também dão para simplificar, pois cada um desses dá quase 11 pés quadrados--faltando apenas 2%, ou uma parte em 50. Essa é uma área que você cobre com a mão aberta.  Assim, mil metros quadrados dá algo como 11.000 pés quadrados (multiplicar por onze é moleza). E para converter 3 mil pés quadrados você tira um zero e diminui em 10%. Isso daria 300 menos 30 ou 270 metros quadrados. O número mais exato é 279, mas essa diferença--calculada no contexto de uma interpretação simultânea--é irrisória. A conversão se resume em mudar o decimal uma casa à esquerda ou direita e somando ou diminuindo correspondentes 10%.

Nas discussões de calor, frio e temperatura, para cada mudança de nove graus na escala termométrica Farenheit o correspondente na escala Célsius ou em graus centígrados é de cinco graus. Isso dividindo o número de ºF entre gelo e agua fervendo (212-32º) pelo número de ºC entre essas mesmas temperaturas (100º). Pode conferir. 

Na prática, em vez de tentar manipular uma fórmula chata o intérprete decora alguns equivalentes. 
Conforto: 72ºF vai direto pela mnemônica de escrever sete vezes o nº 2, e inserir o decimal. Assim: 72ºF = 22,22222ºC. Ou seja, 22ºC=72ºF
Calor: 40ºC é 105ºF
Frescor: 16ºC = 61ºF (outra mnemônica conveniente e simples de decorar)
Gelo a zero ºC é 32ºF, e água fervendo a 100

Se um canadense se sente confortável a 72°F mas fica suando aos 90°F (18°F, ou dois noves mais quente), isso equivale a se deliciar nos 22°C  versus suar feito porco aos 33°C (dois cincos mais quente).

No frio extremo, vale lembrar que -40ºC = -40ºF

E no calor extremo, falando de estrelas etc. todos usam graus Célsius ou Kelvin, sem necessidade de converter. 

Esses macetes também servem para dispensar chatos com desenvoltura. Sempre que um econazista te abordar com previsões apocalípticas de aquecimento global, basta perguntar quantos graus Célsius equivalem a 81ºF, ou qual é a definição de energia em termos das suas unidades de medida. 





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E para entender o mundo em que George Orwell era um jovem escritor ex-policial, leia A Lei Seca e O Crash em formato Kindle da Amazon. Pelo preço duma cerveja, até com celular você dá um jeito.