Adaptado do Capítulo 99 de Proibicionismo e o Crash, por J Henry Phillips, referente a Janeiro de 1930.
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A Du Pont começou a
produzir rayon em 1921, ganhando retorno de 32% no investimento durante quatro
anos corridos. Agora
entraram seis novos concorrentes nesse mercado da “seda de arte”, elevando o
número de produtores para 20 (com 31 fábricas).
A concorrência adicional, para não falar nas guerrilhas entre o Ku Klux Klã
e os “sindicalistas sulistas comunas” e o gargalo no fornecimento do álcool
industrial necessário para a fabricação, trouxe problemas para todo o setor
têxtil. A empresa Rayon Silk de Chester,
na Pensilvânia, fora indiciada em 1926, 1927 e 1929. Um caminhão da Primo Silk Co. foi autuado
transportando cerveja numa blitz policial. Não obstante, as fibras descontínuas de rayon
eram um importante insumo na fabricação de pano de algodão, e várias
algodoeiras possuíam fábricas próprias de rayon, cuja produção elas mesmas
consumiam.[i]
Mudanças recentes nos
regulamentos do Departamento do Tesouro restringiam todo acesso ao álcool
industrial. Em 1929 várias empresas já
não conseguiam comprar álcool desnaturado sem antes provar que o produto lhes
seria indispensável. A situação piorou
bastante quando muitas renovações de licenças foram cassadas em inícios de
1930. Mesmo com a permissão, as empresas
eram sujeitas a controles imprevisíveis.
A Gerber, por exemplo, conseguiu uma licença para 1930, mas os agentes
da repressão ameaçaram confiscar sua água de cheiro lilás na eventualidade de
vendas a uma empresa mercantil interditada.[ii]
Havia seríssimos problemas
sindicalistas. O
Departamento do Trabalho interditou uma greve em Elizabethton, Tennessee, e um
chefe de polícia foi baleado numa contenda com grevistas em Gastonia na
Carolina do Norte. Desesseis sindicalistas foram julgados pelo homicídio em
Charlotte, mas anularam o julgamento por causa do enlouquecimento de um jurado. Integrantes do Ku Klux Klã logo começaram a
raptar e chibatar os sindicalistas, e um dos seus franco-atiradores, disparando
nos veículos levando passageiros aos comícios, matou uma jovem. Em 1º de outubro o presidente em exercício
das fábricas de rayon da americanos Bemberg and Glanzstoff aparentemente se
suicidou. Três grevistas foram mortos e
outros 20 feridos por policiais em Marion, Carolina do Norte, enquanto turbas
invadiam as sedes dos sindicatos em Gastonia, Bessemer City e Charlotte, chibatando
os ativistas. [iii]
Esses fatos impressionaram
os europeus, que investiram o capital para a maioria das fábricas de rayon na
região Sul. Pelos padrões americanos, a
região era pobre, mas os salários ali eram comparáveis aos praticados na
Europa. Aliás, confrontos trabalhistas
pipocavam na Inglaterra e alhures, e a concorrência em todo o setor têxtil
andava acirrada e impiedosa. Mesmo
durante a prosperidade do Coolidge os tempos eram difíceis. Mas agora, pioradas
pela guerra suntuária, a queda dos lucros significava arrocho salarial ou mesmo
a bancarrota.[iv]
As agências da Rutherford
County Bank and Trust em Spindale e Union Mills na Carolina do Norte
permaneceram fechadas em 4 de fevereiro, e corridas bancárias fecharam as
agências da Farmer's Bank and Trust company em Forest City e Caroleen. Ma mesma hora em
Murfreesboro, Tennessee, a planta da Frank Silk Mills – com $250.000 em
dêbentures em circulação – foi misteriosamente abandonada; seus diretores
simplesmente desapareceram. Metade do
capital da empresa estava nas mãos da Caldwell and Company, uma casa de
corretagem bancária, que adquirira a empresa como a Woolen Mills Company de
Murfreesboro. A Caldwell and Company
tinha laços com a Central Bank and Trust Company de Asheville, a menos de 65 km
da região acometida.[v]
O Comissário da Proibição
Doran em 6 de fevereiro de 1930 submeteu um relatório no congresso explicando
que das 9000 amostras de bebida ilícita testadas, meros 1% originaram do álcool
industrial, e que esse problema de desvio fora resolvido fechando sete plantas
de álcool, seis armazéns alfandegados e sete plantas de desnaturação no
distrito burocrático de Chicago nos últimos dois anos. Doran citou duas
empresas, a Chicago Grain Products e Craigin Products, como culpadas pelos
desvios. Nesse meio-tempo, segundo Doran,
81% de todo o uísque vendido fora destilado ilegalmente do açúcar de milho.[vi]
Como hoje, a proibição organizava o "crime" sendo os mandantes os políticos, juízes e policiais |
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[i] (United States v. E.I. Du Pont de Nemours
& Co. 6/11/1956) (Mabee v. United States 07/08/32) (Avram 1929 58)
[ii] (Selkow v. Campbell 12/15/30) (01/13/31 Quitt
v. Stone 01/13/31) (Goldman v. Campbell 12/15/30) (National Grain Yeast Corp.
v. Mitchell 07/07/1931) (Joy Chemical Co. v. Moss 01/05/1931)
[iii] (NY World Almanac 1930 112, 121-3; 1929 100, 103) (McCormick & Co. v. Brown, 52
F.2d 934 4th Cir. 10/12/1931) (CT
9/11/29 1; 9/19/29 1)
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