O Proibicionismo e A Crise de 1929
Capítulo
83
Quinta-feira
cinzenta
O Estado de Indiana sofreu batidas adicionais, e a cana
dura caiu de machado em cima de uma grande operação de destilação de açúcar de
milho. Maciços apresamentos – como
sempre encurralando policiais e outras autoridades – continuaram, executando os
últimos 50 mandados de prisão dos 300 inicialmente despachados. Pipocavam entre esses noticiários de Indiana
outros relatos do prejuízo e da devastação que a lei seca desencadeava em
Illnois – cujos cidadãos arcavam com 10% das multas de álcool do país. Nas estatísticas,
as causas proibicionistas em juízo aumentaram em 70% acima do exercício
anterior. Isso numa época em que a
receita federal arrecadava – só em Chicago – 47% a mais em imposto de renda
comparado com o ano anterior. Para os
chicagoanos, esse tratamento estava pra lá de injusto.[1]
Fiorello LaGuardia lançou-se como candidato contra o
prefeito Jimmy Walker de Nova York, alegando que a polícia e as autoridades
municipais sabiam quem matou Rothstein, mas encobertaram as provas. Nessa mesma
ladainha o coro era o ex-comissário Enright, que passou toda a campanha
lembrando os nova-iorquenses das trapalhadas na investigação do assassinato,
dando a entender que oficiais do governo estariam envolvidos no crime
organizado.[2] Quinze nova-iorquenses foram sentenciados num
julgamento de conspirar contra a lei seca em 21 de outubro – um dia antes de o
Supremo Tribunal registrar nos autos que dispensaria mandados de busca em
batidas de bebida alcoólica.[3]
Em seguida divulgou-se que 91 residentes de Chicago
Heights tinham julgamento agendado para novembro perante o juiz federal
Wilkerson. Mabel
Willebrandt alegou na sua série veiculada nos jornais – e agora sendo editado
como livro – que estas quadrilhas manejavam $24 milhões por ano. Com estas notícias nas bancas, o pânico na
bolsa de valores de Chicago ficou tão intenso que grandes multidões encheram a
rua La Salle para assistir a liquidação.
Nova York foi colhida pela avalancha de liquidação e a imprensa de Wall
Street sentenciou sobre o erro de deslanchar investigações do lobismo em meio a
debates tarifários.[4]
O debate no Congresso sobre a pauta alfandegária ficou
mais feia ainda e ameaçava minar o progresso no sentido de cortar os
impostos. A companhia americana de
Açúcar de Beterraba divulgou corte no número de ações preferenciais, e nas
ferrovias o trem estava mais feio do que nunca.
O trigo canadense acumulava entupindo os celeiros e pátios de estocagem
ao passo que os agricultores de lá barganhavam querendo preços mais altos.[5]