terça-feira, 2 de maio de 2017

Ayn Rand, São Paulo, 1966

Uma colega tradutora nunca mencionou que já fora intérprete no palco. Reparei nessas fotos, compartilhadas por Tereza Braga, que Lúcia Singer fora atriz em peça da Ayn Rand em 1966. 


Naquele tempo ainda se divisavam possibilidades políticas além da "esquerda" (socialistas laicos) e da "direita" (socialistas cristãos). O mundo liberal--onde o altruísmo não anda armado armando assaltos--nos anos sessenta fazia parte da consciência do ente pensante. A chama da liberdade quase se apagou durante a ditadura de Nixon, que exportou o fascismo intolerante desde a fronteira canadense até a costa da Antártica. 

Hoje há partidos libertários em todo país semi-livre. Dezessete países possuem partidos libertários bem-organizados. Tirando a Colombia e Uruguai, a América do Sul é uma mancha negra nesse mapa iluminado. 

Na peça, houve colapso da bolsa de valores durante a proibição que serviu de Idade das Trevas para os EUA. A peça de Ayn Rand foi inspirada em parte pelo magnata Ivar Kreuger, o "rei do phósphoro", que se suicidou em 1932. Outra peça mais ou menos parecida foi produzida pelo escritor inglês Aldous Huxley, na qual o holofote caiu sobre a figura de Clarence Hatry. Os dois magnatas serviram de bode expiatório para encobertar as verdadeiras causas da crise financeira. 

A lei seca americana passou a ser cobrada na noite de 16 de janeiro de 1920. Agentes do Tesouro Nacional, da Receita, Alfândega, Guarda Costeira, Departamento de Justiça, Imigração e Patrulha Fronteiriça baixaram confiscos e intervenção na atividade bancária do país--pois eram os bancos e as bolsas que manejavam os ganhos ilícitos da cerveja e uísque. 

Foi a guerra santa entre um governo abstencionista, com receita total de U$4B em moeda de ouro, versus a produção artesanal cujo faturamento anual girava em torno dos U$5B. O sistema bancário foi a terra-de-ninguém na qual as hostes contrárias se engalfinhavam, aprofundando a Grande Depressão. 

O quadro proibicionista se repetiu de 1987 a 1992, provocando o desmanche da moeda brasileira, e tornou a causar prejuízo em 2007, quando o estrago novamente se espraiou pelo mundo, derrubando bancos e casas financeiras, e sumindo com os saldos bancários.

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quinta-feira, 27 de abril de 2017

Imigrante? Pode matar.

Foi essa conclusão do Supremo americano nos casos dos policiais que matam pra depois prender e interrogar. 


fé cega, pega, pega!


Basta examinar os nomes das vítimas para constatar que a justiça é cega, mas guiada por um cão policial--sobretudo no que se trata de estrangeiros. A cidade de Houston publica até gráficos com estatísticas da carnificina. Aliás, se faltar vítima, esses policiais matam a si mesmos. Nesses casos os colegas fazem de tudo para ocultar a identidade do autor + vítima. 

Nos anos 70 isso tudo era jornal velho. Uma banda de Austin, capital do Texas, os Uranium Savages, lançou em 1979 uma música arremedando a antiga cantiga "On the Bayou". No caso, policiais de Houston algemaram e amarraram um rapaz latino, José Campos Torres, antes de atirá-lo num riacho do mangue onde morreu afogado: 
Well hello, we'd like to know who you are-oh
We've got clues by the shoes you are Chicano
Get outta that car, it ain't far to el arroyo
With a badge and a gun, gonna have big fun, on the bayou
Well goodbye Joe, you gotta go for a swim-o (Geronimoooooooo...)
It'll be rough with the cuffs, me oh my-oh
We'll stand around, watch you drown, then be gone-oh
With a badge and a gun, gonna have a lotta fun, on the bayou.

É claro que deu-se um jeito de proibir a rádiodifusão dessa música. Os DJs da região a tocavam dia e noite. 

No notíciário de Brownsville de hoje, os senadores estaduais do Texas estão empurrando uma lei para prender tantos oficiais quanto derem guarida a um estrangeiro indocumentado. 



É assim que o governo federal compra os votos para que os estados obedeçam. A alternativa seria largar da teta. Foi esse tipo de exportação de legislação escusa que espraiou a crise dos confiscos de 2007 do governo Bush para o resto do mundo. 

Atualização: O NY Times relata como--pela escolha de juris nazifascistas--levraram a cara de policiais que assassinaram um mendigo desarmado como se fosse nos degraus da Candelária!

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sábado, 22 de abril de 2017

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Onda de Deportações, 1923

O Exterminador, junho de 1923, página 3 do jornal

A primeira Grande Guerra não inspirou amores pelos estrangeiros, sobretudo na depressão que acompanhou a cobrança da Lei Seca federal nos EUA. E hoje a situação se repete. Após o colapso financeiro provocado pelos confiscos proibicionistas do governo Bush em 2007 os americanos procuram culpar tudo menos os confiscos que espantaram investidores, provocando a fuga do dinheiro das bolsas e casas de corretagem. 

Para disfarçar essas ligações econômicas a Google é pressionada no sentido de omitir links nos registros dos jornais. Esta charge, por exêmplo, não há como lincar diretamente. Mas na página anterior aparece um artigo sobre os estados Americanos que revogaram, como Nova York, as suas leis proibicionistas estaduais, tornando-se santuários dos direitos individuais.  O estrago econômico provocado pela lei seca já se fazia sentir, como ocorreu em 2007.



No relatório estadual dos confiscos proibicionistas o total de 2007 na Califórnia foi de $35 milhões. Desse total, 79% foram confiscados sem recurso e absorvidos pelas burocracias. Para cada um desses dólares confiscados sem acusação ou ação penal, outros dez fugiram dos bancos, das bolsas e das bolsas de valores. 

Da comarca de San Bernardino, entre Los Angeles e Las Vegas, foram confiscados 10% desse valor total. É claro que para os burocratas favorecidos pelos assaltos, o colapso financeiro que ocorreu foi pura coincidência. Nunca eles admitiriam a hipótese de a sua ganância parasitária ter algo a ver com a recessão que abalou os EUA antes de se alastrar pelo mundo afora. 

O fenômeno é o inverso do que ocorre quando a honestidade dos governos permite o investimento. As pessoas aplicam o seu dinheiro nos bancos e nas bolsas, e a expansão do crédito permite a expansão do Produto Interno Bruto que representa a riqueza gerada pelo capital nas mãos dos verdadeiros donos daquele dinheiro. Nada disso é novidade. Aliás, foi Adam Smith que em 1775 revelou que


Estas mãos improdutivas, para cuja manutenção caberia apenas uma fração do excedente da receita do povo, chegam a consumir tamanha parcela dos ganhos totais que obrigam muitos a recorrer às suas poupanças, subtraindo do capital destinado à manutenção da mão-de-obra produtiva tamanho valor que toda a frugalidade e boas práticas das pessoas não bastam para compensar o desperdício e a degradação da produção que resulta deste saque violento e forçado.

A mão invisível que provocou a miséria econômica nos EUA em 1921, 1929-33, 1987, 2000 e 2007-2011 não foi dos imigrantes. Foi a mão dos funcionários escolhidos pelos partidos políticos que formulam as leis--leis que permitem ao governo assumir o papel de assaltante. São leis que só podem ser revogadas se os eleitores votarem pelo partido libertário. 


Essa interpretação dos fatos econômicos é produto do tradutoramericano.com

sábado, 15 de abril de 2017

O afundamento do I'm Alone


Capítulo 45
O afundamento da I'm Alone
            O interceptor Walcott da guarda costeira americana perseguia uma escuna de dois mastros e bandeira canadense – a I'm Alone – no golfo do México a mais de uma hora de cruzeiro de Louisiana.  O comandante, John Randall, condecorado com a Croix de Guerre françesa por uma escaramuça com um submarino alemão, não ia prestar contas à guarda costeira americana em alto mar.  Dando reforço ao Walcott veio o Dexter, que – em 22 de março – atacou e afundou a embarcação, matando um tripulante francês no centro do Golfo do México após uma perseguição de 24 horas.  O Canadá, embora aderente a um tratado de bebida com os EUA, não via com bons olhos o bombardeio de embarcações de bandeira britânica, sobretudo no alto mar.   Jamais a guarda costeira se atrevera a por a pique um navio estrangeiro – e de bandeira dos aliados comandada por herói de guerra, era impensável.  O primeiro-ministro canadense, William Mackenzie King, fora abordado acerca de negociações do tratado de contrabando no começo de janeiro, mas King, ansioso sobre a possível tendência das tarifas sob o novo governo Hoover, decidiu guardar na manga eventuais negociações como moeda de troca para influenciar nas sobretaxas americanas.[1] 
            Três dias após o afundamento, a dona-de-casa Lilian De King, de Aurora, Illinois, foi morta a tiros por um xerife proibicionista enquanto tentava chamar o seu advogado pelo telefone.  Um informante fora pago $5 para acusar o sr. De King de tê-lo vendido meio-litro de bebida por $2 fazia nove dias.  Ultrajado, o filho de 12 anos do casal baleou o invasor na perna, mas serenos pastores batistas e metodistas pronunciaram a matança da mãe do menino um ato justificado de execução da lei.  A Associação Contra a Emenda da Proibição (AAPA) publicou em 1º de março Escândalos da Execução da Lei Seca – aumentando o senso de ultrage – e a revista Time publicou o texto da Lei Jones na edição de 25 de março.[2] 
            Longe dos jornais, o caso da Illinois Alcohol continuava tomando vulto com mais 15 intimações despachadas em 23 de março e 10 adicionais no dia 25, elevando o total a 76 desde 20 de março.  Também em 25 de março 31 réus – incluindo pessoas jurídicas – compareceram ao tribunal para se declararem não culpados de incorrerem na lei seca de Volstead.  O julgamento teve início em Buffalo, Nova York, para todos os réus exceto os oito cujas denúncias foram julgadas improcedentes.  Foram liberadas as holdings Salnod e Midwest, os Lasdons, Saks, Briem, Lewis e Uldren, mas os outros 29 – incluindo Edward J. Du Pont e o cervejeiro Fred Koch – enfrentariam um júri de seus pares num tribunal federal.  Os jornais chegaram a mencionar o julgamento de 21 de março em Detroit dos inspetores da alfândega que controlavam o comércio de bebidas nas cidades à jusante.  Saltava aos olhos que o crime organizado vinha sendo dominado pelos próprios agentes que os proibicionistas escolheram para cobrar as leis – leis que organizaram o crime.[3] 
            Numa palestra sobre o crime para o Clube Americano em Paris, o ex-comissário Enright, da polícia de Nova York, chamou atenção a novos aspectos do caso do finado chefão de quadrilha Arnold Rothstein.  O assassinato de Thomas Walsh havia renovado o interese no caso, acirrado pela sina de Jack Waller, assistente do chefão, que saltou à sua morte de um vapor da linha Clyde perto da Flórida – supostamente fugindo de assassinos alugados.[4]  Enright alegou que a investigação da morte fora mal-administrada, e que o teor dos papéis do Rothstein foi omitido, sugerindo que uma diligência verdadeira teria “abalado os alicerces societais e políticos – enfim, todos, da cidade de Nova York.”[5]  Isso remetia muito às “provas chocantes, envolvendo figuras públicas importantes na politicagem de Nova York que o promotor federal John M. Blake prometeu mas não entregou em janeiro de 1929.  Parecia até que haveria elementos de verdade nos boatos de corrupção entre a cúpula da autoridade – a despeito da firme censura de menção do caso da Illinois Alcohol na mídia. 
            Naquele dia, o Presidente Hoover teve outra reunião com o comissário James Doran e seu suplente Levi G. Nutt – com certeza para falar da repressão aos entorpecentes.[6]  Os juros dos corretores imediatamente pularam dos 9% de 22 de março – quando pipocaram as notícias – para 14% na segunda e 20% a.a. dia 24 de março.[7]  Hoover e Nutt bem sabiam que o Artigo 27 da Convenção internacional de 1925 exigia do Comitê Central do Ópio “certificar-se de que as estimativas, estatísticas, informações e explicações por ela recebidas... não sejam divulgadas de forma a facilitar as operações de especuladores...”  Mas com os empréstimos dos corretores a juros inauditos, o presidente decerto teria questionado a possibilidade de alguém ter vazado informações sobre o chocante volume de drogas nos relatórios das fontes da Liga das Nações.  Em cima disso havia a situação da Union Bank and Trust Company da Philadelphia, em que o grande júri denunciava oficiais do banco por faturar em cima da capitalização dos destiladores e chefões de quadrilhas![8]  Mas para o cidadão comum que folheava seu jornal matutino, a maior notícia parecia ser o bicho de sete cabeças que faziam do Al Capone.  

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Traduzido de "Prohibition and The Crash" de J Henry Phillips, tradutoramericano.com.br


[1]  (Time Capsule 4/1/29  68-69) (NYT 1/7/29  28) (Spinelli 1989  128-129)
[2]  (CT 10/27/29  3-2) (Time Capsule 4/8/29  69; 3/25/29  68)
[3]  (Docket 11070  4-5) (NYT 3/22/29  11:1; 3/22/29  5)
[4]  (Sullivan Feb.1931  174)
[5]  (NYT 3/22/29  11:1)
[6]  (Hoover 1930 1976  642)
[7]  (WSJ 5/18/29  7)
[8]  (NYT 3/24/29  27)

quarta-feira, 29 de março de 2017

Linchado pela Migra

Eis a história de como a família de Anastacio Hernandez ganhou $1 milhão em compensação pela brutalidade animal dos meganhas "Todes-schutzen" da versão americana do muro de Berlim. 

Enquanto os brutamontes matavam a pauladas o coitado que nem sabia responder em inglês, seus comparsas tentavam confiscar as câmeras e celulares de testemunhas. Uma delas escondeu na calcinha o SD card com a prova do crime.  Algo bem parecido com esse confisco foi tentado contra esse servo que vos fala.  Para detalhes ouça Another Short Story in Portuguese AQUI.

Os oficiais assassinos não foram demitidos, nem mesmo multados em R$1 de seus salários.  Lembra aquelas fotos nas revistas da Editora Abril onde aparecia cadaver, mas nunca as cabeças dos integrantes do Esquadrão da Morte que mataram o cidadão. 

Se precisar de documentos traduzidos para afastar esse perigo, pense em portugueseinterpreter.com

quinta-feira, 23 de março de 2017

A armadilha dos "facilitadores"

A noia dos Americanos acharem que seus problemas econômicos têm a ver com concorrência (e não com os confiscos proibicionistas que provocam a fuga de depósitos bancários e investimento com corretores) traz consequências imprevistas para os imigrantes que necessitam de traduções. 
No cotidiano o cliente mostra o que está em pauta, pede orçamento, aprova proposta e sinal e o tradutor faz, entrega e as partes acertam o saldo. Mas com a importação de médicos formados pela ditadura da Cuba comunista–onde mesmo antes de 1959 já havia 3 vezes o número normal de médicos–acelerou-se a evasão de brasileiros formados em medicina. Para exercer a profissão na América do Norte, suas ementas e documentos devem ser traduzidos e avaliados. O perigo é que algumas dessas agências avaliadoras de credenciais são gatekeepers (cuja função é excluir concorrentes estrangeiros) ou monopolistas (que fazem in-house as traduções por um adicional barato, mas bloqueiam ou atrapalham as traduções dos autônomos mediante mecanismos coercitivos).
Alguns sinais de perigo já alertam o tradutor experiente:
1. A escola deve nos mandar sua matéria curricular diretamente, “para preparativos”.
2. Oferecemos vantagens às entidades que recomendam exclusivamente a nós.
3. As traduções têm que ser “word-for-word.”
A primeira às vezes resulta em a agência preparar um PDF criptografado (que não permite OCR) com identificadores no pé de cada página. Assim fica difícil converter em texto eletrônico e usar ferramentas CAT. A segunda (2) já acena com o perigo de eles "fecharem" a concorrência por implicância com bobagens insignificantes. Já vi uma reclamar de um carimbo evidentemente idêntico em cada folha mas faltando algum detalhe em umas ou outras (tipo metade do CEP) pela posição do contato ou falta de tinta no carimbo. O monopolista vê toda e qualquer concorrência como usurpação. Se duvidar, veja os casos do UberA terceira (3) é  especificação que o mercado identifica como defeito. A literalidade é característica das “traduções” sobremaneira malfeitas–-de palavras em vez de conceitos e expressões–-por principiante sem noção. Essa especificação eu interpreto como um aviso em vermelho com imagem de caveira.
Como se proteger? Leia as instruções e especificações desses serviços (plural) de avaliação antes de escolher. Caso contrário, há risco de mandar traduzir (e pagar) duas vezes o mesmo documento. Pergunte ao tradutor se esse garante que o documento será aceito. Money-back guarantee é muito comum nos EUA. Afinal, se a tradução é rejeitada o tradutor deve consertar a situação, devolver o dinheiro, corrigir e re-enviar ou trabalhar com outro tradutor que possua as credenciais necessárias para conseguir sua aceitação pelo órgão relevante. Se o tradutor normalmente oferece garantia, mas não oferece quando da intervenção de determinado "facilitador" de credenciamento internacional, a coisa já emana aquele cheiro de armadilha. Afinal, gato escaldado...
Procure outras pessoas da sua profissão que passaram por situação semelhante para ver se oferecem indicações. Para economizar dinheiro não ofereça traduzir o documento. A tradução para nós é fácil, mas específica. Já, se vc produzir uma versão que inclui todas as informações do original, formatados tal e qual em formato de processador de textos tipo Open Office, isso facilita a vida do tradutor e pode resultar em desconto.

terça-feira, 14 de março de 2017

1929--A posse do presidente Hoover

Capítulo 42
A Lei Jones
            O senador Wesley Livsey Jones do estado de Washington – possivelmente o proibicionista mais fanático do senado americano – voltou a mascatear seu velho plano de “penas aumentadas” em 19 de fevereiro.[1]  “Seja legislado,” propôs ele no projeto, que “havendo pena ou penas previstas nos julgamentos penais sob a Lei Nacional da Proibição, conforme emendada e complementada, pela produção, venda, transporte, importação ou exportação ilegais de bebidas intoxicantes, definidas pela Seção 1, Título I da referida Lei, a penalidade aplicada para cada infração será uma multa de não mais de $10.000 ou pena de reclusão de não mais de cinco anos, ou ambas penas.”[2]  A mídia apelidou de Five & Ten – nome das lojas de 5 e 10 cents que hoje corresponderiam aos Dollar Stores – mas a Chicago Tribune preferiu a Lei Jones. 
            Estava lançado o repto.  Proibicionistas, liderados pelo senador William A. Borah de Idaho, achavam a lei essencial para que fosse mantido o constitucionalismo.  Já os revogadores, como seu atleta, o senador James A. Reed de Missouri, a categorizavam como injusta e cruel, e a briga foi ficando feia.   A Tribune a comparou à Lei do Escravo Fugido de 1850, mas o senado aprovou – acrescentando a previsão que “o intúito do Congresso é de que o tribunal, ao impôr sentença, discrimine entre as infrações casuais ou menos sérias e a venda habitual de bebida intoxicante, ou tentativas no sentido de comercializar o desrespeito à lei.”[3]  O congresso aprovou tal e qual, e o Presidente Calvin Coolidge aplicou-lhe o canetaço legiferante meras 24 horas antes de Herbert Hoover prometer, com inocente alegria, executar esta lei.  Mas Hoover não deixou por isso mesmo.  Nesse clima histérico de linchamento, acrescentou:  “Dos abusos que com certeza surgiram sob a 18ª Emenda, uma parte se deve (...) à falha de alguns Estados de aceitarem o seu quinhão de responsabilidade pela execução concomitante e à renegação da parte de várias autoridades Estaduais e locais de aceitar a obrigação, pelo seu compromisso de posse, de executar com zelo as leis.”  Com estas falhas oriundas de diversas causas veio uma perigosa expansão nos elementos criminais que perceberam maiores oportunidades para comercialização da bebida ilícita. (...) “Fui por vocês escolhido para executar e fazer valer as leis do país. (...) Para aqueles de mentalidade criminosa, não há apelo senão na aplicação vigorosa da lei.  Felizmente, estes constituem uma pequena porcentagem do nosso povo.  As suas atividades devem ser interditadas.”[4] 
            Uma delegação da União Cristã Feminina de Temperança foi fotografada no gramado da Casa Branca.  Herbert Hoover almocou com a procuradora federal Mabel Walker Willebrandt, e em seguida teve uma reunião com o senador Morris Sheppard dos milharais texanos, autor da Emenda proibicionista.  Time batizou Hoover de “Esperança Proibicionista,” e seus primeiros dias no cargo pareciam confirmar exatamente isso.  Para o produtor artesanal as notícias eram desconcertantes, e uns já questionavam se o mercado não estaria afundando.  

Esse capítulo é traduzido de Prohibition & The Crash, de J Henry Phillips

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[1]  (NYT 3/24/29  27)
[2]  (Time Capsule 3/4/29  66)
[3]  (CT 2/19/29  1, 3, 2/21/29  12)
[4]  (Hoover 1929 1974  2-10)

Leia na íntegra A Lei Seca e O Crash, agora em formato Kindle do Amazon. Até com celular você dá um jeito.